Pode
o cristão comemorar o natal? Esta é uma pergunta que tem sido feita nestes
últimos dias, tanto nas igrejas, como nas redes sociais e/ou em outros lugares.
É
importante que analisemos esta questão com imparcialidade, observando,
prioritariamente, os princípios da Palavra de Deus, os históricos e, deixando
em segundo plano as tradições meramente religiosas. É importante também que se
leia este texto até o final!
Bom,
mesmo que não seja muito fácil de aceitar, devido à longa tradição, ao forte
incentivo do comércio, à informação, quase que imediata que o nosso cérebro faz
desta data, uma afirmação deve ser feita: JESUS CRISTO NÃO NASCEU EM 25 DE
DEZEMBRO!
Mais
difícil do que afirmar isto, é afirmar que esta data não foi escolhia de forma
aleatória, ou de maneira a aproximar-se mais do relato bíblico. Não, esta data
foi escolhida como fruto de um sincretismo com a religião pagã romana. Isto,
qualquer enciclopédia séria ou fonte histórica confirmará, até mesmo a romana!
Devemos
ter a honestidade de afirmar que, não houve nenhuma ordem feita por Jesus para
que comemorássemos o seu nascimento. Houve sim, a ordenança para que
celebrássemos o memorial da sua morte, através da ceia. Esta obra gloriosa foi
concluída pela sua ressurreição, o que nos dá a certeza de sua 2ª vinda,
prometida por Ele mesmo.
Devemos,
também, ter a honestidade de afirmar que, não houve nenhuma doutrina dos
apóstolos, mandando a Igreja comemorar o nascimento de Jesus. Em nenhum texto
do Novo Testamento encontramos tal doutrina ou afirmação de que era uma prática
litúrgica da proto Eclésia.
No
3º século da Igreja, alguns cogitavam qual poderia ter sido a data do
nascimento de Cristo. Há informações de que Orígenes se opunha a que se
preocupasse em comemorar esta data, com o risco de comparar Cristo a um Faraó!
É com Constantino, no 4º século da Igreja,
que nós temos a introdução de uma data para a comemoração do nascimento da
Jesus e no 5º século, sua oficialização por parte da Igreja, já em processo de
romanização e paganização. O argumento usado para tal data foi claramente
sincretista.
O Principal
oponente do Cristianismo, neste período caracterizado pelo processo de
unificação entre Igreja e Estado, era a prática das religiões pagãs. A
principal delas era a de origem Persa, que cultuava a divindade Mitra, o deus
solar!
Havia
uma data popular de comemoração do Natalis Invicti Solis ( nascimento do deus
sol invencível). Há vários relatos diferentes sobre esta data, ou período,
contudo, em suma, havia um período chamado de solístico de inverno, muito
popular entre os povos romanos, que incluía a saturnália (17 a 24 de dezembro)
e que culminava na brumália ( 25 de dezembro). Eles ficavam esperando a
transição entre o 24 e 25 de dezembro para tal comemoração.
Houve
um interesse por parte do Imperador em aproximar esta data, claramente popular,
ao nascimento de Cristo, ou seja, ela não seria mais aplicada à divindade pagã,
mas sim a Jesus. Era uma forma de “cristianizar” os povos do império. Os
cristãos, que antes eram praticantes desta crença popular, não tiveram muita
dificuldade em aceitar tal data, agora não mais dedicada a Mitra. Isto mostra
claramente que a Igreja Romana, de fato é o subproduto do processo de
paganização da Igreja. Sempre digo que a verdadeira Igreja nasceu em Jerusalém
e não em Roma. Digo, também, que ela continua, a cada dia mais idólatra.
Admira-me ver como tem evangélicos que se identificam mais com a Igreja romana
do que com seus irmãos evangélicos. É, no mínimo curioso notar que a imagem de
Cristo que os sacerdotes católicos usam, é um sol!
Bom,
biblicamente falando, não é novidade afirmar que a noite relatada por Lucas, no
capítulo 2, em que os pastores guardavam seus rebanhos, nada tem a ver com o
rigoroso inverno no período de dezembro na Palestina. Também o período de
alistamento citado neste capítulo, em que “ todos iam alistar-se cada um à sua
própria cidade” vers.2, nada tem a ver com este mesmo período de dezembro.
Segundo alguns estudiosos era mais provável que este alistamento tivesse
ocorrido no período da festa dos tabernáculos.
Bom,
isto é um fato histórico. Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro. Agora, existe
o outro lado da questão!
O
nascimento de Jesus está claramente relatado na Bíblia, tanto em Mateus, como
em Lucas. Se isso não tivesse nenhuma importância para a Igreja, Deus não
permitiria que estivesse registrado. Cremos que “Toda Escritura é divinamentte
inspirada...” II Tm 3:16.
Mesmo
sabendo que não foi em dezembro, contudo não sou pagão em citar a Bíblia!
O
Evangelho de Mateus 1: 18 diz: “ Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi
assim...”, e a partir daí começa a contar a História. Por que nós não podemos
contar e cantar também?
Não,
eu não sou pagão em cantar a Bíblia. Não estou me paganizando quando canto o
texto de Lc 2, que diz: “Havia no campo pastores que guardavam os seus
rebanhos”, e “Pois na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo o
senhor” e “ Glória a Deus nas alturas e paz na terra entre os homens de boa
vontade” vers. 8,11 e 14.
Não
sou pagão em Ler Is 9:6: “ Porque um menino nos nasceu, um Filho se nos deu, e
o governo estará sobre o seus ombros e o seu nome será, maravilhoso
conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade e príncipe da paz”.
O
nascimento de Jesus é o cumprimento da promessa do envio do Salvador da
humanidade, do Messias de Israel. É a harmonia entre Gn 3:15 e Gal:4:4. Foi o
cumprimento da plenitude dos tempos. A concepção e o nascimento de Jesus
significou o eterno que se temporizou, o imortal que se mortalizou. Foi Deus
entre os homens, tornando-se homem, não vindo já homem, mas vindo bebê!
Passando por todas as fases.
A
noite do Seu nascimento foi a mais profunda harmonia entre o simples e o
glorioso. Simples, sob o ponto de vista do humano. Não teve luxo, “glamour”.
Não nasceu nem em uma casa, mas numa estrebaria. Imaginem Maria dando a luz no
meio das palhas onde ficavam os animais!
Contudo,
foi glorioso, tão glorioso, porque, se o choro de qualquer bebê que nasce, já é
um som sensacional, principalmente para as mães, imaginem o momento do primeiro
choro, no momento do nascimento do Filho de Deus, o Deus Filho que se faz carne
e habita entre nós. Este som foi tão sensacional que o céu rompeu o silêncio e
os pastores ouviram uma milícia de anjos cantando: “glória a Deus nas alturas e
paz na terra aos homens de boa vontade”. Foi a primeira cantata sobre o
nascimento de Jesus, e cantada por anjos!
Segundo
o texto de Mateus nos mostra, algum tempo depois, quando os magos chegam ao
encontro de Jesus, ele já estava numa casa.
Meus
amados, a conclusão a que chegamos é que. Não devemos criar uma expectativa
religiosa em torno de 25 de dezembro, pois Jesus não nasceu neste dia. Para
falar a verdade, eu respeito, mas nem gosto de esperar meia noite. Esta data
nada tem a ver com o verdadeiro nascimento de Jesus. Agora, não há nada de
errado em lembrar que Jesus nasceu, contar esta linda história, cantar esta
linda história. Ela está na Bíblia. Podemos, sim, sem fazer uma relação
meramente religiosa, aproveitar que as pessoas estão voltadas para esta data e evangelizar
e contar a história do nascimento de Jesus, DESDE QUE O FOCO SEJA A PREGAÇÃO DO
VERDADAIRO PROPÓSITO PELO QUAL JESUS NASCEU, QUE FOI O DE MORRER PELOS NOSSO
PECADOS E RESSUSCITAR AO TERCEIRO DIA. QUALQUER LEMBRANÇA DO NASCIMENTO DE
JESUS QUE FICA APENAS LIMITADO AO MENINO JESUS,É INCOMPLETA E NÃO CUMPRIU SEU
PAPEL!
Outra
coisa importante é deixar claro que, a lembrança do nascimento de Jesus, tem
que ser Cristocêntrica. Essa coisa de
Papai Noel é paganismo. É idolatria que a Igreja Católica fez ao Papa Nicolau.
Crente de verdade não fica com essa de “Papai Noel” e sim com Pai nosso que
está nos céus! A lembrança do nascimento de Jesus também não pode ser
Mariocêntrica, nem Mariólatra, muito menos angelólatra.
Lembremo-nos
que Jesus nasceu, mas não ficou sempre na manjedoura, por isso não é lá que
deve ser adorado. Morreu, mas não ficou sempre no calvário, por isso não é lá
que Ele deve ser procurado. Ele ressuscitou, está à destra de Deus entronizado,
intercede por nós. É em espírito e em verdade que Deus é verdadeiramente
adorado!
Deus nos abençoe!
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva