A
exegese, dentre muitas interpretações que podem ser citadas, tem no grego sua
original interpretação. A expressão grega: Exegéomai, tem como significado:
conto, relevo, relato. O radical: Ex, significa “para fora”, significa extrair
de dentro e fazer conhecido, revelado. Não significa inventar, mas expor o que
já está escrito. Outros significados estão relacionados as palavras: narrar,
traduzir, interpretar. A Exegese e a Hermenêutica caminham juntas. Vale lembrar
que, apesar do fato da exegese bíblica ser amais conhecida, até porque ela é
oriunda do grego bíblico e das escolas de interpretação bíblica, desde os
séculos II e III do Cristianismo e expandiu-se até os dias atuais, contudo, não
existe apenas a exegese bíblica. Ela é presente em qualquer área de
interpretação ou narração de textos, principalmente na área do direito.
Pois
bem, estamos numa época de muitos exegetas bíblicos. Isso tem um lado positivo.
Há um interesse enorme pela pesquisa e interpretação da Bíblia. O perigo é que
existem “exegetas” que nem leram a Bíblia toda ainda. Existem alguns “doutores”
de teologia, que nem crêem mais na mais simples e clara interpretação da
Bíblia: A literal. Pior, existem alguns “mestres” em exegese que não vivem o
texto que estão explicando. Não há nenhum mortal isento de pecar e que não seja
limitado, porém tem que reconhecer que depende da graça de Deus e buscar uma
vida de santificação, mesmo com suas limitações.
Dentro
deste universo de exegetas, tenho percebido, nas minhas muitas limitações, que
existem deles, de todo tipo e orientação, de acordo com alinha de interpretação
ou “escola de interpretação”. O problema é a absolutização destas exegeses. È
como dizer: A única verdadeira é a minha. Basta eu não concordar com o tipo de
“glória a Deus” que o outro dá, ou com a interpretação litúrgica do outro, ou
com outra coisa qualquer.
Existem
aqueles que vêem no outro, infelizmente, um competidor, uma ameaça, ai a coisa fica pior, pois para estes, será
preciso, “demonizar” o outro, então, dá-lhe “exegese”.
Existem
aqueles que chegaram a um nível de racionalismo cristão tão exagerado que, da
maneira mais culta e intelectual possível, com todas as bibliografias e
ideologias a que tem direito, baseia sua “exegese”, no propósito de excluir
todos os “não iluminados de sua escola histórica de interpretação”. Alguns, na verdade são mais ecumênicos com o
romanismo e com outras religiões, do que se sentem irmãos de evangélicos, mesmo
que tenham que orientá-los. Alguns nem se chamam mais de evangélicos!
Confesso
que poderia citar outros exemplos, não como um “exegeta” de minha defesa, pois
aí estaria indo contra o que estou escrevendo. Também confesso que, se
necessário, escreverei textos que defendam os princípios absolutos da Palavra
de Deus. O que eu e todos nós temos que tomar cuidado, é para não confundirmos
o SUBJETIVO com o OBJETIVO. Paulo
escreveu de forma brilhante: “Porque recebi do Senhor, o que também vos
entreguei” I Cor 11:23a.
Também
temos que entender que, sempre houve e haverá problemas com interpretações
bíblicas, havendo exageros de um lado ou omissão de outro. Temos que ter o
discernimento se está ou não ferindo conceitos absolutos da Palavra de Deus.
Principalmente Soteriologia e Cristologia. Agora, por favor, esta história, de
“arminiano ou calvinista” está se perpetuando há séculos. Tenho uma notícia:
Não somos nós que vamos resolver. O que não pode é o arminiano achar que o
calvinista não é de Jesus, nem o calvinista achar que o arminiano não é de
Jesus. O calvinista precisa pregar para que os eleitos se convertam. O
arminiano precisa pregar para que os que tem livre arbítrio se convertam. Aí
todos pregam, ficam felizes e vão pro céu. O importante é SER DE CRISTO.
Você
que não é Pentecostal, não se precipite em condenar quem é. A igreja que mais
cresce no Brasil e no mundo é a Pentecostal, além de enviar missionários para o mundo inteiro, e não há nenhum mérito nisso. Dizer que isso tudo é coisa de desequilibrado ou do diabo é muita arrogância.
Eu mesmo sou cristão, discípulo, evangélico, crente, pentecostal, tudo isso eu
acho certo chamar. Nascido e criado na Assembléia de Deus, filho e neto de uma
geração de pastores desta igreja. Sou pastor, irmão de pastor, não por
“monarquia hereditária”, mas por chamada mesmo. Estou escrevendo para dizer que
tenho certeza da minha salvação, sempre fui bem orientado espiritualmente.
TENHO A CERTEZA QUE A MINHA IGREJA NÃO É A ÚNICA CORRETA!
Estava,
ontem, assistindo a entrevista que o missionário e pioneiro da Assembléia de
Deus no Brasil,Daniel Berg, deu numa rádio, poucos anos antes de falecer. Está
no youtube. Que coisa linda ver ele citando com carinho que, logo que chegou,
foi recebido por irmãos da igreja Batista, até porque ele era batista na época
e, também por irmãos da igreja Metodista. Claro que houve divergências doutrinárias,
porém, no centenário, lá no Pará, foi emocionante saber que o atual pastor
daquela igreja Batista e o atual pastor da Assembléia de Deus do Pará estiveram
juntos em momentos de comunhão!
Os
Pentecostais precisam entender que, não são os “donos da operação do Espírito
Santo”. A Bíblia diz que “o vento sopra onde quer...” uma referência à obra e a
quem é guiado pelo Espírito Santo. O Santo Espírito de Deus opera quando quer,
onde quer e da maneira que Ele quer. Por isso, com todo carinho e respeito, não
adianta os cessacionistas fazerem longos textos, “gregando, hebraicando,
filosofando, sociologizando, outros andos”, pois, minutos de operação soberana
do Espírito Santo na Igreja, faz cair por terra isso tudo, até porque a Bíblia
diz que: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e ternamente” Hb 13:8.
Claro
que temos, também, acompanhado muito mercantilismo e comercio no meio do povo
de Deus, principalmente na área da música. Não devemos compactuar com isto.
Agora, tem muito”exegeta” partindo para o lado pessoal, confundindo preferência
musical com interpretação bíblica. Tem gente boa, séria, com cobertura de
pastor, obediência a sua igreja, louvando a Deus. A música tem aberto portas
para o evangélho no Brasil que as outras áreas não abririam. Se soubéssemos e
tivéssemos o discernimento de que, nossas “diferenças” resolvemos entre nós,
tipo, “roupa suja se lava em casa”, e nos uníssemos em algo externo, levaríamos
milhões para as ruas. Isto daria força e abriria outras portas para a pregação
do Evangelho no Brasil. Você pensa que os católicos tem só uma linha de
interpretação? Claro que não. Pensa que a linha chamada ortodoxa vê com sorriso
e linha da teologia da libertação ou a carismática?Claro que não. Só que temos
que reconhecer, quando teve o evento deles, houve unidade. Teve até evangélico
que se uniu, num evento que, diplomacias e carismas do líder deles que é
inegável, a parte, só fez o Brasil ficar mais idólatra e “aparecidólatra”. Se
eles podem se unir, por que não nós?
Enfim,
não podemos nos esquecer de que o propósito da exegese é trazer para fora,
interpretar o que está dentro da Bíblia. É a Bíblia pela Bíblia primeiro,
depois, qualquer outro “acessório”, que não venha a comprometer a sua doutrina.
Termino
afirmando que, quando fazemos a mais profunda exegese das Escrituras Sagradas,
descobrimos que a Palavra chave dela é AMOR! O amor de Deus expresso em Jesus
Cristo. Jesus Cristo é o amor supremo de Deus expresso na humanidade!
Um verdadeiro exegeta que não ama e não
enxerga o amor ao próximo, principalmente ao seu irmão em Cristo, pode estar
fazendo a exegese de qualquer coisa, menos uma verdadeira exegese da Palavra de
Deus!
Deus continue
abençoando a todos os meus queridos irmãos, de minha ou de outra denominação
evangélica!
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva