Meus
irmãos, desejo escrever algo sobre um assunto que está inquietando a muitos
cristãos nestes dias no Brasil. A questão da idolatria. O título dado ao texto
faz parte do versículo 10 do capítulo 4 de Mateus. É claro que este assunto não
se esgota num texto. Espero, se o Senhor me permitir, escrever algo mais
extenso ( não apenas em um texto) ou falar especificamente sobre este assunto.
Oro a Deus para que, aqueles que o Espírito Santo permitir que leiam o texto
todo, possam partilhar com outros, não como uma forma de exaltação própria,
pois senão, o conteúdo do texto voltaria contra mim mesmo. Deus tenha
misericórdia e me livre da “egolatria”! Sei que alguns textos meus são um pouco
longo, contudo, tento “enxugá-los” ao máximo. Leiam com paciência, pois o tema
é muito importante.
Desejo
começar, trazendo a definição da palavra ídolo. Ela é derivada de duas palavras
gregas: eídolon (ídolo) e latréia (adoração). No N.T. a palavra “eidololatréia”
é traduzida por “idolatria ou culto prestado à imagem (de um deus)”.
Num
sentido mais amplo, todos concordam que a idolatria é tudo aquilo que tira Deus
do seu lugar de preeminência e substitua por outra coisa, pessoa, bens ou até a
si mesmo (egolatria). Paulo, tanto em Col 3:5 como em Fil 3:19 deixa
transparecer isso. Lutero no século XVI também escreveu coisa semelhante.
Contudo há um fato. Os povos antigos tinham por costume transformar em imagem
tudo o que cultuavam, veneravam, adoravam e ofereciam sacrifícios. Era comum
construir imagens, fossem elas de madeira, de pedra, gesso ou outro material
que fosse possível. A forma de culto era basicamente externa e visível. Alguma
figura deveria ser vista ou tocada para que fosse objeto de prostração.
Deus
proibiu veementemente a construção de imagens de escultura para o povo de
Israel, como forma de adoração e culto, justamente para contrapor aos costumas
pagãos dos povos antigos. Já no período da Igreja Primitiva, o Império Romano
teve grande dificuldade em aceitar a forma de adoração dos cristãos, por ser a
um Deus invisível e de forma interna. Eles encaravam isto até como uma forma de
ateísmo, visto que os romanos tinham um aspecto visível e externo da adoração
das suas imagens.
Entendemos
então, que, tanto no A.T. como no N. T. há uma direta relação entre idolatria e
a construção de imagens visíveis, as quais eram objeto de adoração e de se
oferecer sacrifícios.
A Bíblia
Sagrada proíbe a adoração e a veneração de imagens de escultura. Existem várias
passagens que, claramente dizem isto: Ex 20: 3-5 ; Sl 115: 3-9 ; Is 44: 9-20 ;
Jo 4:24 ; I Cor 8: 5,6 ; I Cor 10:14.
O povo de
Israel por várias vezes caiu nesta tentação e cedeu aos ídolos dos povos
pagãos. A conseqüência foram os cativeiros, tanto para o reino do Norte, como
para o Reino do Sul.
A Igreja
cristã, infelizmente, com o processo de paganização, principalmente a partir da
união entre Igreja e o Estado Romano, foi cedendo, aos poucos, às práticas dos
cultos pagãos. A idéia de veneração às imagens que eram praticadas pelos
romanos, passarem a penetrar na Igreja, só que com os nomes de cristãos, tanto
do período bíblico, como do período da perseguição. A Igreja Romana é o
subproduto deste processo de paganização e, até hoje não abriu mão de um
centavo disto.
Os
pré reformadores ( mesmo que eles mesmos não sabiam que ganhariam tal
designação) e os reformadores, foram canais de Deus para que a luz não se
apagasse na História de Igreja, sim, a verdadeira Igreja que, desde Jerusalém
adora ao único Deus, em espírito e em verdade!
Quero
deixar claro que, embora existam várias formas de idolatria e todas elas são
reprovadas por Deus e pela Sua Palavra, contudo, não aceito a opinião de que
estão no mesmo patamar a Igreja Romana e as Igrejas Evangélicas. Explicarei!
Se
algum evangélico, que desde a sua infância na E.B.D. recebe o ensinemento de
que não se deve adorar as imagens de escultura, começar a desenvolver outras
formas de idolatria, como por exemplo a ganância, um artista gospel ou outra coisa qualquer,
certamente ele estará cometendo um grave pecado e vai dar conta disso diante de
Deus. Agora, convenhamos, comparar isto para justificar ou amenizar a idolatria
histórica da Igreja Romana, não tem o mínimo cabimento. Existe uma diferença
estrutural.
Se
algum evangélico (na verdade falso, pois um verdadeiro não vai cair nessa) ,
começar a desenvolver idolatria às coisas citadas acima, ele o fará por conta
própria. Não lhe é ensinado nem estimulado isto por seus pastores. Pelo
contrário, si isto está sendo praticado por alguns é por justamente não estarem
dando ouvidos aos ensinamentos pastorais!
Agora,
na Igreja Romana é diferente. Temos a INSTITUCIONALIZAÇÃO da veneração e dos
cultos às imagens de escultura. É questão de doutrina e isto há séculos! É só
observar os Concílios, a partir da Idade Média, quando estas práticas foram
estabelecidas e aceitas como verdadeiras para eles.
No
Brasil a coisa se complica ainda mais, devido ao enorme sincretismo religioso.
Além disso, tenho dito que o Brasil, na prática, é ainda muito
“Aparecidólatra”.
Não
obstante se diga que não é idolatria, todavia na prática não funciona assim. O
argumento usado afirmando que Deus permitiu algumas imagens serem construídas,
como a serpente de bronze e os querubins na arca, não tem fundamento
consistente, pois, não vemos, em nenhuma passagem, Deus autorizando Israel a
fazer orações e nem pedir a mediação destes símbolos. Pelo contrário, Deus
mandou mais tarde destruir a serpente de bronze, pois acabou virando objeto de
idolatria.
Concluo
dizendo que, somos monoteístas e adoramos a um único Deus em espírito e em
verdade. A Bíblia apresenta, como inferência no A.T. e referência no N.T.,
tanto o Deus Pai, Filho e Espírito Santo com atributos divinos e dignos de
adoração. Uma só Divindade, um único Deus, Triuno e verdadeiro. É somente
diante deste Deus que devemos nos curvar, sem precisar construir imagens
visíveis, pois Jesus nos ensinou que Deus é Espírito e devemos adorá-lo em espírito
e em verdade. Qualquer outra pessoa, por mais nobre que tenha sido, não deve
ocupar este lugar. Eu só dobro o meu joelho para adorar a Deus!
Glórias,
pois, ao Deus Pai, Filho e Espírito Santo para todo o sempre. Amém!
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva
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