quarta-feira, 29 de novembro de 2017

OS HERÓIS DA FÉ




            O que fez com que os heróis da fé tivessem sido o que foram, não foi o fato de se julgarem, nem muito menos de terem sido superiores aos outros. Eles não se ufanavam por serem “mais santos”, e quando alguns deles tentaram isso, foram, de alguma maneira, repreendidos por Deus. A vida de consagração ao Senhor foi sincera e espontânea.
            Sim, tanto os heróis da fé citados na Bíblia ( Hb 11), quanto os que foram de um período posterior, surgidos durante a História da Igreja, foram homens mortais ( redundância proposital), que acertaram, mas também erraram ( uns erraram feio). É importante ressaltar isso, para que não criemos uma expectativa de perfeição neles. É por isso que eu sempre digo que somos “ perfeitamente imperfeitos e, nada mais perfeito do que a nossa imperfeição”.
            Se os próprios heróis citados na Bíblia tiveram seus momentos de humanidade, tais como, Noé, Abraão, Moisés, Samuel, Davi, dentre outros, e se os apóstolos formados diretamente por Cristo, que, mesmo próximo do período da crucificação de Jesus, ainda mantinham algumas dúvidas e incredulidades, é compreensível que, num período posterior a este, os homens e mulheres de Deus também tivessem suas falhas e defeitos.
            O que dizer dos líderes pós-apostólicos, uns acertaram e outros erraram querendo acertar, e outros erraram, errando mesmo. É preciso entender, de uma vez para sempre que, o modelo a ser seguido é o da Igreja do primeiro século e os textos escritos até o final desse período, ou seja, até os escritos joaninos. É claro que, muitos dos chamados pais da Igreja foram verdadeiros homens de Deus, porém, também cometeram equívocos, inclusive de interpretação textual e influência cultural.
            Os pré reformadores acertaram em seus propósitos, porém também ficaram sujeitos ao erro, tanto em algumas ênfases, como em falta de outras, contudo, é inegável o benefício que eles causaram no processo de retorno ao que era o Cristianismo, antes da intensificação do processo de paganização, ocorrido, principalmente a partir do 4º século.
            Os Reformadores, embora tenham sido verdadeiros arautos usados por Deus, contudo, também falharam em algumas coisas. Sim, Lutero falhou, Calvino falhou, Zwinglio falhou, os homens do período pós reforma, por mais que tenhamos uma visão romântica deles, contudo, também falharam. Não seria impossível encontrar falhas em Spurgeon, ou em Wesley, ou, quem sabe em Moody, e por mais que nos espelhemos na vida e pregação de Jonathan Edwards, se algum desavisado fosse “cutucar” a vida dele, certamente também encontraria algo. Sim, Gunnar Vingren, até na vida de Gunnar Vingren, se cutucassem, iriram achar alguma falha.
            A própria Bíblia diz que Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós ( Tg 5:17), sim,  até o modelo dos profetas, que nem pela morte passou, simbolizando os salvos que serão arrebatados vivos, também teve seus momentos de humanidade.
            Esta verdade nos ensina que, ninguém pode se ufanar, tentando diminuir a importância,por exemplo, dos reformadores,na História da Igreja. Eles jamais advogaram para si o grau de “sua santidade”, ao contrário, o que eles fizeram, e de forma acertada, foi elevar a importância da graça de Deus, da fé e das Sagradas Escrituras.
            Nos ensina, também, que, embora eles, os heróis da fé canônicos e pós canônicos, tivessem sido sujeitos às falhas, contudo, não viveram na prática delas, assim como os personagens da Bíblia. Sim, pecaram por acidente e não por prática, estavam, ainda, sujeitos à tentação do pecado, mas não eram escravos do pecado, como deve ser com qualquer cristão, que nasceu de novo em Cristo Jesus. A biografia deles nos mostra isso, ou seja, embora, eles tivessem tido falhas pontuais, todavia, a prática de vida era de busca a Deus e à pregação do Evangelho, com incríveis experiências, muitas delas sobrenaturais.
            Enfim, nos ensina que, o modelo pleno, em quem estes ilustres homens de Deus se espelharam de forma absoluta, foi o nosso Senhor Jesus Cristo; Ele jamais pecou e nunca se achou engano na sua boca ( I Pe 2:22); Ele, em tudo foi tentado, mais sem pecado ( Hb 4:15). Sim, só Jesus teve estas qualidades, segundo a Bíblia Sagrada. Todo herói da fé tem em Jesus o se Herói Mor!
            Portanto, o segredo para compreendermos o sentido de “Heróis da Fé”, não está na palavra “ Heróis”, mas sim, na palavra “ Fé”, não a que eles tiveram neles mesmos, mas em Deus, na sua graça, no seu amor, e na sua soberana vontade!

Pr. Cláudio César Laurindo da Silva


             

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