O
que fez com que os heróis da fé tivessem sido o que foram, não foi o fato de se
julgarem, nem muito menos de terem sido superiores aos outros. Eles não se
ufanavam por serem “mais santos”, e quando alguns deles tentaram isso, foram,
de alguma maneira, repreendidos por Deus. A vida de consagração ao Senhor foi
sincera e espontânea.
Sim,
tanto os heróis da fé citados na Bíblia ( Hb 11), quanto os que foram de um período
posterior, surgidos durante a História da Igreja, foram homens mortais ( redundância
proposital), que acertaram, mas também erraram ( uns erraram feio). É importante
ressaltar isso, para que não criemos uma expectativa de perfeição neles. É por
isso que eu sempre digo que somos “ perfeitamente imperfeitos e, nada mais
perfeito do que a nossa imperfeição”.
Se
os próprios heróis citados na Bíblia tiveram seus momentos de humanidade, tais
como, Noé, Abraão, Moisés, Samuel, Davi, dentre outros, e se os apóstolos
formados diretamente por Cristo, que, mesmo próximo do período da crucificação de
Jesus, ainda mantinham algumas dúvidas e incredulidades, é compreensível que,
num período posterior a este, os homens e mulheres de Deus também tivessem suas
falhas e defeitos.
O
que dizer dos líderes pós-apostólicos, uns acertaram e outros erraram querendo
acertar, e outros erraram, errando mesmo. É preciso entender, de uma vez para
sempre que, o modelo a ser seguido é o da Igreja do primeiro século e os textos
escritos até o final desse período, ou seja, até os escritos joaninos. É claro
que, muitos dos chamados pais da Igreja foram verdadeiros homens de Deus, porém,
também cometeram equívocos, inclusive de interpretação textual e influência
cultural.
Os
pré reformadores acertaram em seus propósitos, porém também ficaram sujeitos ao
erro, tanto em algumas ênfases, como em falta de outras, contudo, é inegável o
benefício que eles causaram no processo de retorno ao que era o Cristianismo,
antes da intensificação do processo de paganização, ocorrido, principalmente a
partir do 4º século.
Os
Reformadores, embora tenham sido verdadeiros arautos usados por Deus, contudo,
também falharam em algumas coisas. Sim, Lutero falhou, Calvino falhou, Zwinglio
falhou, os homens do período pós reforma, por mais que tenhamos uma visão romântica
deles, contudo, também falharam. Não seria impossível encontrar falhas em
Spurgeon, ou em Wesley, ou, quem sabe em Moody, e por mais que nos espelhemos
na vida e pregação de Jonathan Edwards, se algum desavisado fosse “cutucar” a
vida dele, certamente também encontraria algo. Sim, Gunnar Vingren, até na vida
de Gunnar Vingren, se cutucassem, iriram achar alguma falha.
A
própria Bíblia diz que Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós ( Tg
5:17), sim, até o modelo dos profetas,
que nem pela morte passou, simbolizando os salvos que serão arrebatados vivos,
também teve seus momentos de humanidade.
Esta
verdade nos ensina que, ninguém pode se ufanar, tentando diminuir a importância,por
exemplo, dos reformadores,na História da Igreja. Eles jamais advogaram para si
o grau de “sua santidade”, ao contrário, o que eles fizeram, e de forma
acertada, foi elevar a importância da graça de Deus, da fé e das Sagradas
Escrituras.
Nos
ensina, também, que, embora eles, os heróis da fé canônicos e pós canônicos,
tivessem sido sujeitos às falhas, contudo, não viveram na prática delas, assim
como os personagens da Bíblia. Sim, pecaram por acidente e não por prática,
estavam, ainda, sujeitos à tentação do pecado, mas não eram escravos do pecado,
como deve ser com qualquer cristão, que nasceu de novo em Cristo Jesus. A biografia
deles nos mostra isso, ou seja, embora, eles tivessem tido falhas pontuais,
todavia, a prática de vida era de busca a Deus e à pregação do Evangelho, com
incríveis experiências, muitas delas sobrenaturais.
Enfim,
nos ensina que, o modelo pleno, em quem estes ilustres homens de Deus se
espelharam de forma absoluta, foi o nosso Senhor Jesus Cristo; Ele jamais pecou
e nunca se achou engano na sua boca ( I Pe 2:22); Ele, em tudo foi tentado,
mais sem pecado ( Hb 4:15). Sim, só Jesus teve estas qualidades, segundo a Bíblia
Sagrada. Todo herói da fé tem em Jesus o se Herói Mor!
Portanto,
o segredo para compreendermos o sentido de “Heróis da Fé”, não está na palavra “
Heróis”, mas sim, na palavra “ Fé”, não a que eles tiveram neles mesmos, mas em
Deus, na sua graça, no seu amor, e na sua soberana vontade!
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva