Por
mais que eu não concorde com algumas práticas litúrgicas ou de usos e costumes
( que variam no tempo e no espaço), de irmãos de outras denominações, isto não
me dá o direito de referir-me a eles como “samaritanos”. Isto é algo muito
lamentável!
Primeiro,
porque quando afirmo tal coisa, neste contexto, querendo ou não, estou
colocando-me na posição de “judeu”, pois havia uma diferença entre judeus e
samaritanos, na época de Jesus. Quem acha que isso é um “elogio ortodoxo”, na
verdade está equivocado, por alguns motivos que serão expostos.
Se
meu irmão de outra igreja ou denominação é “samaritano”, então eu estou me
colocando numa posição de superioridade, de soberba, pois era exatamente assim
que os judeus se sentiam. A soberba era tanta, que eles desviavam do caminho
para não cumprimentarem os samaritanos, embora tivessem a mesma origem semítica
e eram descendentes de Jacó e Abraão. É fato que o samaritano era o israelita
que acabou se mesclando com povos gentios, após o cativeiro do norte, contudo,
Jesus jamais aprovou tal soberba e indiferença dos judeus para com eles. Tal
comparação é típica daqueles crentes que escolhem para quem dão a paz do
Senhor, para alguns até viram o rosto mesmo. Isto é típico de religioso
legalista!
Além de
posição de superioridade, eu estou colocando-me numa posição de separação, de
falta de unidade, de segregação. Era exatamente isso que os judeus faziam com
relação aos samaritanos na época de Jesus. Eles diziam que Deus era apenas
deles.
O corpo de
Cristo na terra não é composto apenas de uma denominação. Se eu pensar dessa
maneira, estou caindo num grave erro herético! Uma coisa é identidade
denominacional, outra é segregação religiosa. Embora seja da Assembléia de
Deus, jamais posso afirmar acerca do “culto ao Deus da Assembléia”.Isto é um
absurdo, até porque o Deus da Assembléia é o mesmo da Batista, da
Congregacional, da Presbiteriana, da Metodista e de outras igrejas co-irmãs.
Aliás, os fundadores da Assembléia de Deus já adoravam a Deus na igreja Batista
e eles não trocaram de Deus não! Dizer que “costumes dos samaritanos são deuses
pagãos” referindo-se aos irmãos de outra denominação, é uma aberração sem fim!
Amo minha denominação, mas a Assembléia de Deus não tem o monopólio do
movimento Pentecostal. A Bíblia diz que “ o vento sopra onde quer” Jo 3: 8.
Não é porque
não gosto da liturgia de uma igreja diferente da minha, que isso me dá o
direito de julgá-la com pagã. Não é porque não gosto quando uma igreja aplaude
ao Senhor, como diz no salmo 46, que vou dizer que isto é “culto a outro deus”.
Aliás, o que tem de pastor com a mão vermelha de tanto aplaudir políticos em
igrejas e convenções, isto pode...
Além
de superioridade e falta de unidade, quando me refiro ao meu irmão de outra
denominação como “samaritano”, na verdade estou dizendo que ele não é meu irmão
em Cristo, pois samaritano era o israelita que se mesclou com o gentio. Meu
irmão de outra denominação não é samaritano. Não é apenas o assembleiano que é
salvo! Amo minha denominação, contudo, devo ser justo para admitir que, quando
ela foi fundada, a Igreja de Cristo já existia a mais de mil e novecentos anos!
Na verdade, o movimento pentecostal no
Brasil veio como uma benção de Deus, na continuidade da obra Dele aqui na
terra!
Quando
digo que meu irmão de outra denominação é samaritano, também estou manifestando
falta de amor, que é um dos principais gomos do fruto do Espírito.
Jesus
sempre manifestou amor e misericórdia para com os samaritanos, que eram tão
discriminados pelos judeus.
Se
queremos, de fato, nos identificarmos com Jesus cristo, devemos deixar de lado
qualquer sentimento de soberba e religiosidade farisaica e nos revestirmos de
entranháveis afetos e compaixões ( Fil 2:1) e, ao invés de nos consideramos superiores
aos outros, temos é que considerar os
outros superiores a nós mesmos ( Fil 2:3).
Não,
eu não penso que meu irmão de outra denominação seja um samaritano, até porque
eu não sou judeu. Em Cristo, não há “judeu nem grego;não há servo nem livre;
não há homem nem mulher; porque todos vós sois
um em Cristo”. Gal 3: 28
Deus nos abençoe!
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva
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