quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PASTORES MARXISTAS?



            Lembro-me de que, quando estava fazendo a faculdade de História, ao ler vários textos de Marx, cada vez mais tinha uma convicção; seja ela sob o ponto de vista religioso, ou até mesmo político/econômico, eu jamais seria um marxista ( lembro-me de que,há décadas atrás, achavam que todo historiador latino americano tinha que ser, necessariamente, marxista), assim como, enquanto estudante de teologia, eu não seria um ultra fundamentalista denominacional, mas sim um fundamentalista bíblico, moderado e com minhas convicções denominacionais, como diz Paulo: “Cada um  esteja inteiramente convicto em sua própria mente” Rm 14:5.
            É claro que, as interpretações econômicas feitas por Marx são muito  inteligentes e contribuem para o confronto de idéias entre as dele e as de Adam Smith, que pregava o liberalismo econômico ( lembro-me disso no curso de economia que deixei pela metade na UFRRJ).
            Contudo, fato é que, por mais que queiram romantizar a frase de Marx, e dar a ela as mais diversas interpretações, na verdade, ele afirmou que “a religião é o ópio dos povos”. Certo é, também, que houve uma profunda influência histórica do marxismo na ideologia ateísta. Claro, nem todo marxista é ateu, porém, grande parte dos ateus, recebeu, de alguma forma, uma influência dos escritos de Marx e Engels.
            Outro fato é que, os países onde prevalece a ideologia marxista, estão cercados de ditadura e perseguição aos cristãos que não se adequam ao regime comunista. A China, Coréia do Norte e Cuba são exemplos disso! 
            Fato é, também, que estes países normalmente assumem uma postura anti israelita, não apenas pela questão da aproximação de Israel com os E.U.A., mas, acima de tudo, como uma manifestação contrária a uma cultura teísta/monoteísta, judaico cristã. Muitos pensadores marxistas afirmam que tal cultura tem que ser substituída por outra.
É curioso notar que Carl Marx, embora fosse de origem judaica e criado no Protestantismo, acaba assumindo uma postura contrária ao princípio teísta bíblico, sendo grande difusor do ateísmo científico.
Não se pode esquecer, também, o fato de que Marx não defende um socialismo utópico, estabelecido através da mudança de pensamento, mas sim um socialismo científico, feito através da luta de classes e de armas! Para ele a única solução era expulsar, através das armas, a classe burguesa e estabelecer o governo do proletariado. Tal governo seria Estatal.
Bom, acerca disso é só observar os acontecimentos históricos de outubro de 1989, com a queda do muro de Berlim e início da década de 90, com o fim da União Soviética. Quanto a China, costumo dizer que é o comunismo mais capitalista que eu conheço, sob o ponto de vista econômico, porque sob o político, continua sendo uma ditadura.
Diante de tudo isso, posso afirmar que, esta “forçação de barra” que alguns teólogos fazem em aproximar Marx de Cristo é uma furada! Jesus Cristo não foi um líder político revolucionário, como querem alguns historiadores modernos, nem pregou a luta de classes, nem ensinou seus discípulos a pegarem em armas, muito menos afirmou que a religião é o ópio dos povos!
            Até entendo ( embora não compartilhe dessa ideologia) a adesão dos padres sob a influência de Leonardo Boff acerca da teologia da Libertação. Agora, pastores evangélicos com teorias marxistas? Aí é demais! Será que eles estão ignorando a perseguição histórica que nossas igrejas vem sofrendo pelos sistemas comunistas? Ou vão continuar com a desculpa de que o socialismo deles é diferente destes sistemas? Se é diferente, porque se reúnem tanto na América Latina para levantarem estas bandeiras e elogiarem tanto Hugo Chaves, Fidel castro e Che Guevara?
            A Teologia da Missão Integral, tem, no mínimo deixado brechas acerca do seu propósito, devido a aproximação com as ideologias marxistas. Eles que, de forma tão “segura” se instituiem como históricos e preservadores do Protestantismo, ficam o tempo todo “demonizando” a teologia da prosperidade ( que eu também não concordo), porém, na verdade estão, por outro lado, parecendo levantar outra bandeira tão nociva quanto a da teologia da prosperidade, que é a do “marxismo evangélico” ( ou Protestantismo para alguns que nem gostam mais de serem chamados de evangélicos).
            Na verdade, ambos estão interpretando equivocadamente a questão de reino na terra ( embora os marxistas evangélicos, que fingem não serem, mas  sabem que são, estão mais “municiados” de filosofia, sociologia e tantas outras “gias”, que julgam até um desagravo, um simples mortal questioná-los).
            A teologia da Prosperidade ( não a prosperidade em si) erra por interpretar o evangelho por uma visão capitalista. A marxista cristã erra por interpretar o evangelho por uma visão socialista marxista, onde eles acabam estabelecendo o reino na terra, quase que “escatologizando” tal sistema aqui!
            Concluo dizendo que,não é errado a igreja cristã ter a consciência de que deve cumprir sua função social aqui na terra. A palavra comum (koinê) está em Atos e, na verdade, começa com a Igreja! Cada dia temos que entender  que não podemos fechar nossos olhos para a realidade social que nos cerca e cumprir nosso papel como agentes socializados e socializadores.
            Contudo, duas verdades devem ser lembradas. A primeira é que, o propósito final e real do Cristianismo, não consiste nesta terra. Somos embaixadores do céu, devemos pregar que o mundo jaz no maligno e que Cristo salva o pecador, transforma-o em nova criatura e que, brevemente Ele virá para arrebatar a Sua igreja. Continuo crendo no texto que diz:”Mas a nossa pátria está nos céus, donde aguardamos o Salvador, que transformará o corpo da nossa humilhação para ser conforme o corpo da sua glória” Fil 3:20.
            A segunda é que, associar as doutrinas de Cristo com as de Marx, é como misturar água e óleo. Se Karl Marx fosse meu contemporâneo, mesmo com toda a sua sociologia, filosofia, economia, etc, eu perguntaria se ele, de fato, gostaria de entregar a sua vida a Jesus Cristo e entender o verdadeiro sentido da justiça social!

Deus nos abençoe!


Pr. Cláudio César Laurindo da Silva 

Um comentário:

  1. Não concordo que de forma generalizada os pastores protestantes são marxistas. Acho que deveria pesquisar mais sobre Augusto Nicodemos, Marcos Graconato, Hernandes Dias Lopes que são pastores contra o marxismo. Acredito que o Ariovaldo Malícia, Ed Renner são pastores que um dia foram Reformados e hoje defendem Marx. Sou pastor Batista e ensino sobre os cuidados que devemos ter com o Marxismo.

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