Lembro-me
de que, quando estava fazendo a faculdade de História, ao ler vários textos de
Marx, cada vez mais tinha uma convicção; seja ela sob o ponto de vista
religioso, ou até mesmo político/econômico, eu jamais seria um marxista (
lembro-me de que,há décadas atrás, achavam que todo historiador latino
americano tinha que ser, necessariamente, marxista), assim como, enquanto
estudante de teologia, eu não seria um ultra fundamentalista denominacional,
mas sim um fundamentalista bíblico, moderado e com minhas convicções
denominacionais, como diz Paulo: “Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria
mente” Rm 14:5.
É
claro que, as interpretações econômicas feitas por Marx são muito inteligentes e contribuem para o confronto de
idéias entre as dele e as de Adam Smith, que pregava o liberalismo econômico (
lembro-me disso no curso de economia que deixei pela metade na UFRRJ).
Contudo,
fato é que, por mais que queiram romantizar a frase de Marx, e dar a ela as
mais diversas interpretações, na verdade, ele afirmou que “a religião é o ópio
dos povos”. Certo é, também, que houve uma profunda influência histórica do
marxismo na ideologia ateísta. Claro, nem todo marxista é ateu, porém, grande parte
dos ateus, recebeu, de alguma forma, uma influência dos escritos de Marx e
Engels.
Outro
fato é que, os países onde prevalece a ideologia marxista, estão cercados de
ditadura e perseguição aos cristãos que não se adequam ao regime comunista. A
China, Coréia do Norte e Cuba são exemplos disso!
Fato
é, também, que estes países normalmente assumem uma postura anti israelita, não
apenas pela questão da aproximação de Israel com os E.U.A., mas, acima de tudo,
como uma manifestação contrária a uma cultura teísta/monoteísta, judaico
cristã. Muitos pensadores marxistas afirmam que tal cultura tem que ser
substituída por outra.
É curioso
notar que Carl Marx, embora fosse de origem judaica e criado no Protestantismo,
acaba assumindo uma postura contrária ao princípio teísta bíblico, sendo grande
difusor do ateísmo científico.
Não se pode
esquecer, também, o fato de que Marx não defende um socialismo utópico, estabelecido
através da mudança de pensamento, mas sim um socialismo científico, feito
através da luta de classes e de armas! Para ele a única solução era expulsar,
através das armas, a classe burguesa e estabelecer o governo do proletariado.
Tal governo seria Estatal.
Bom, acerca
disso é só observar os acontecimentos históricos de outubro de 1989, com a
queda do muro de Berlim e início da década de 90, com o fim da União Soviética.
Quanto a China, costumo dizer que é o comunismo mais capitalista que eu
conheço, sob o ponto de vista econômico, porque sob o político, continua sendo
uma ditadura.
Diante de tudo
isso, posso afirmar que, esta “forçação de barra” que alguns teólogos fazem em
aproximar Marx de Cristo é uma furada! Jesus Cristo não foi um líder político
revolucionário, como querem alguns historiadores modernos, nem pregou a luta de
classes, nem ensinou seus discípulos a pegarem em armas, muito menos afirmou
que a religião é o ópio dos povos!
Até
entendo ( embora não compartilhe dessa ideologia) a adesão dos padres sob a
influência de Leonardo Boff acerca da teologia da Libertação. Agora, pastores
evangélicos com teorias marxistas? Aí é demais! Será que eles estão ignorando a
perseguição histórica que nossas igrejas vem sofrendo pelos sistemas
comunistas? Ou vão continuar com a desculpa de que o socialismo deles é diferente
destes sistemas? Se é diferente, porque se reúnem tanto na América Latina para
levantarem estas bandeiras e elogiarem tanto Hugo Chaves, Fidel castro e Che
Guevara?
A
Teologia da Missão Integral, tem, no mínimo deixado brechas acerca do seu
propósito, devido a aproximação com as ideologias marxistas. Eles que, de forma
tão “segura” se instituiem como históricos e preservadores do Protestantismo, ficam
o tempo todo “demonizando” a teologia da prosperidade ( que eu também não
concordo), porém, na verdade estão, por outro lado, parecendo levantar outra
bandeira tão nociva quanto a da teologia da prosperidade, que é a do “marxismo
evangélico” ( ou Protestantismo para alguns que nem gostam mais de serem
chamados de evangélicos).
Na
verdade, ambos estão interpretando equivocadamente a questão de reino na terra
( embora os marxistas evangélicos, que fingem não serem, mas sabem que são, estão mais “municiados” de
filosofia, sociologia e tantas outras “gias”, que julgam até um desagravo, um
simples mortal questioná-los).
A
teologia da Prosperidade ( não a prosperidade em si) erra por interpretar o
evangelho por uma visão capitalista. A marxista cristã erra por interpretar o
evangelho por uma visão socialista marxista, onde eles acabam estabelecendo o
reino na terra, quase que “escatologizando” tal sistema aqui!
Concluo
dizendo que,não é errado a igreja cristã ter a consciência de que deve cumprir
sua função social aqui na terra. A palavra comum (koinê) está em Atos e, na
verdade, começa com a Igreja! Cada dia temos que entender que não podemos fechar nossos olhos para a
realidade social que nos cerca e cumprir nosso papel como agentes socializados
e socializadores.
Contudo,
duas verdades devem ser lembradas. A primeira é que, o propósito final e real
do Cristianismo, não consiste nesta terra. Somos embaixadores do céu, devemos
pregar que o mundo jaz no maligno e que Cristo salva o pecador, transforma-o em
nova criatura e que, brevemente Ele virá para arrebatar a Sua igreja. Continuo
crendo no texto que diz:”Mas a nossa pátria está nos céus, donde aguardamos o
Salvador, que transformará o corpo da nossa humilhação para ser conforme o
corpo da sua glória” Fil 3:20.
A
segunda é que, associar as doutrinas de Cristo com as de Marx, é como misturar
água e óleo. Se Karl Marx fosse meu contemporâneo, mesmo com toda a sua
sociologia, filosofia, economia, etc, eu perguntaria se ele, de fato, gostaria de
entregar a sua vida a Jesus Cristo e entender o verdadeiro sentido da justiça
social!
Deus nos abençoe!
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva