Quando
se argumenta que, a tradição de uma instituição é tão palavra de Deus, quanto a
Palavra escrita, a Bíblia Sagrada, pelo fato de que, dentre outros, ela ( a
instituição) veio antes da Palavra escrita, algumas coisas devem ser pensadas.
Primeiro,
devemos analisar que, eles só podem estar se referindo ao Novo testamento,
porque, já que a questão é cronológica, é importante que se lembre que, o Antigo
testamento foi escrito, e veio, antes da fundação da verdadeira Igreja, a
primitiva, fundada em Jerusalém. Sim, a Igreja gloriosa de Cristo foi
profetizada no A.T. e fundada no N.T. Então, quem nos concedeu o Antigo Testamento,
foram os judeus, e, mesmo assim, eles jamais se ufanaram disso, e nem tiram, e
nem diminuem o teor e a canonicidade das Sagradas Escrituras, ou seja, jamais
acham que podem acrescentar algo concernente à sua doutrina, por causa de sua
tradição ( e quando fizeram isso, foram duramente repreendidos por Deus). Pelo
contrário, sempre foi o povo que teve de
submeter-se às revelações das Escrituras, e não julgarem-se superiores a ela,
mesmo podendo usar como argumento o fato de que, quando o Pentateuco foi
escrito, já havia passado cerca de 500 anos da chamada de Abraão!
Segundo,
devemos analisar o que se entende por, o que foi fundado em Jerusalém e
registrado em Atos. Ali foi fundado o corpo místico de Cristo, a universal
assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus ( Hb 12:23), sim, que é
composto por todos aqueles que confessam a Jesus Cristo como único e suficiente
Senhor e Salvador, e nasceram da água e do Espírito, e estavam, a partir de Jerusalém, reunidos
com os apóstolos de Cristo, depois foram se expandindo.
Terceiro,
o fato de que os primeiros livros tenham sido escritos cerca de uns 20 anos
depois da fundação da Igreja, não diminui em nada a importância doutrinária, a
canonicidade e a inspiração inerrante do Novo Testamento. Enquanto todos eles
estavam sendo escritos, sempre havia um apóstolo direto de Cristo vivo. O
último livro canônico foi escrito,justamente, pelo último apóstolo vivo, João.
Isso
quis dizer para nós, justamente que, o que deveria valer como modelo
doutrinário seguro e absoluto para a igreja, seriam os escritos desses homens
que andaram diretamente com Cristo, ou com homens que andaram diretamente com
Ele. Todos concordam que o cânon do Novo testamento encerrou-se em João. A
Igreja continuou, porém os homens é que mudaram, e, como Deus sabia que eles
poderiam estar sujeitos a mudarem o modelo original, Ele permitiu que ficasse
para nós esse modelo escrito,as Sagradas
Escrituras.
Isso foi tão
sério que, o próprio apóstolo Paulo escreveu: “ mas ainda que nós mesmos, ou um
anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos tenho anunciado,
seja anátena” Gl 1: 8.
Portanto,
qualquer ensinamento que tenha vindo após o período apostólico, que trate de
assuntos essenciais da fé cristã, não pode, nem contradizer e nem acrescentar o
que está registrado nos textos sagrados. Se a Igreja verdadeira foi fundada
antes da escrita dos primeiros livros, isso jamais quis significar, que daria a ela a autoridade de considerar-se
superior aos textos inspirados pelo Espírito Santo, pelo contrário, há uma
perfeita harmonia entre a ação do Espírito Santo na Igreja e os ensinamentos
das escrituras, para que ela, tanto aceite, como anuncie integralmente as
verdades expostas na Palavra de Deus. O Livro de Apocalipse nos mostra bem
isso: “ O Espírito e a noiva dizem vem...” Ap 22: 17.
Portanto, no
que diz respeito aos aspectos fundamentais da fé cristã, se eles estão nas
Escrituras, aceite. Não estão nas Escrituras, rejeite. A verdadeira e pura
tradição e o verdadeiro ensinamento ( ou magistério, como se queira chamar),
jamais irão fugir disso. Sempre lembrando que, tradição que ignora as Escrituras
não é válida, foi Jesus quem disse, e, ensinamento que foge das Escrituras, é
heresia, foram os apóstolos que escreveram. Então é isso!
Deus nos abençoe em Cristo Jesus,
o nosso único e suficiente Senhor e Salvador.
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva
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