quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O PROCESSO DE ADORAÇÃO NA HUMANIDADE


            Embora, a ordem “evolutiva” do processo de adoração de povos e tribos apresentada pela sociologia e História das religiões seja o inverso do que a Bíblia apresenta, todavia, ela nos mostra aspectos muito interessantes. Pesquisas nesta área, dizem que o processo de adoração começou no animismo, desenvolvendo para o politeísmo, depois henoteísmo, até que chegou ao monoteísmo, por fim, monoteísmo ético. Claro que, segundo a Bíblia, o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, portanto, já foi criado com a revelação do monoteísmo, porém, foi a entrada do pecado no mundo que separou-o da comunhão com o Eterno. Esse distanciamento dos povos, de Deus, foi que fez com que a humanidade procurasse respostas que dessem sentido à adoração, que está inerente em cada indivíduo.
            De fato, o animismo mostrou-se como uma das mais antigas formas de culto e adoração na História da humanidade. Ele atribui ao cosmos, à natureza, e a todo ser vivo, essência espiritual, ou  “ânima”, capaz de ser venerada ou adorada. Daí a adoração à natureza e aos seres vivos, bem como aos astros. Essa forma de adoração ainda é presente em muitas religiões.
            O  politeísmo era uma prática comum nos reinos e impérios da idade antiga. Povos cananeus, filisteus, império egípcio, assírio, babilônico, tinham tais práticas religiosas. O politeísmo constitui na crença de vários deuses e o culto a eles. Normalmente eram adorados através de imagens de escultura, feitas de pedras, ou madeiras, ou metais, como ouro ou prata. Poderiam ter a imagem de seres humanos ou animais, ou a mistura de ambos. Deus proibiu veementemente aos israelitas construírem tais imagens e prestarem culto a elas. Ex 20: 4 ; Dt 5:8.
É valido lembrar que, as imagens construídas pelos judeus, tanto no propiciatório e na Arca, como a serpente de bronze, nada tem a ver com a prática da idolatria politeísta. Nestes casos, não se viam os judeus se prostrando, nem fazendo orações, clamores, promessas, ou atribuindo, nem à Arca e nem ao propiciatório as bênçãos alcançadas. Não se ouvia: “ Ó propiciatório, interceda por mim”, ou “ propiciatório santíssimo, clamo a ti”. Não. A Arca era, tão somente, uma representação da glória de Deus, e o propiciatório, a sua cobertura. Portanto, não eram representações simbólicas de criaturas. Não se orava, nem à Arca e nem ao propiciatório. Portanto, querer justificar preces, orações, mediações e intercessões às imagens de escultura, usando estes textos como exemplo, afirmando que não se pratica idolatria, é um argumento antigo e frágil! Não subsiste a mais simples análise verdadeiramente teológica! Deus não autoriza tal ato, mesmo que seja de pessoas que tenham sido verdadeiramente cristãs no passado!  
            O henoteísmo significava que, embora cria-se que existe um deus superior, ou na teoria, exista um único deus, todavia, admitia-se a existência ou a importância de deuses inferiores,ou imediatos, que estivessem mais “próximos”, ou ainda que, dentre os vários deuses, existia um que fosse maior do que os outros. Os gnósticos eram adeptos destas crenças. Os gregos, na prática, admitiam tais práticas, pois, mesmo que chamassem a Zeus de o deus maior, contudo, eles tinham outros deuses intermediários, que cuidavam de assuntos mais próximos, como por exemplo, hades, deus do submundo, cronos deus o tempo, da agricultura, poseidom deus dos mares e oceanos, e por aí. Max Muller ao citar tal termo, chegou a afirmar a possibilidade de alguns ramos do monoteísmo, embora afirmarem crer em um único deus, todavia, estabelecerem deuses inferiores, para relações mais próximas e imediatas, mesmo que não queiram admitir, na teoria.
            Creio, particularmente que, quando um grupo religioso, mesmo que afirme crer em um único Deus, todavia evoca, crê, clama, pede a intermediação, e atribui a este intermediário, ou suposto intercessor, o mérito da bênção alcançada, na prática, está dando a estes intercessores, atributos divinos, mesmo que inferiores. A intercessão verdadeiramente bíblica, jamais irá fazer com que o irmão que será nosso intercessor vire motivo de nosso culto, oração e nem promessa; jamais atribuiremos a ele (a) o mérito da bênção alcançada.  Quando isso ocorre, na verdade, estamos praticando, não apenas uma idolatria, mas também, admitindo que, embora eu creia em um único Deus, contudo, existem “deuses” inferiores capazes de ouvirem minha oração ( mesmo em pensamentos), e atenderem ao meu pedido.
            A intercessão verdadeiramente bíblica é quando, meu irmão, junto comigo, clama a Deus e, jamais eu clamando, ou orando, ou cultuando ao meu irmão, ainda mais se este irmão já morreu, pois a Bíblia proíbe a consulta a mortos ( Dt 18:9-11). Sempre digo que, a desculpa  da unidade do corpo de Cristo não pode ser usada para justificar tal ato. Quem já partiu, completou a sua carreira com relação a este mundo, e está aguardando o dia da volta de Cristo e seu galardão ( Ap 6: 10,11 ; Ap 14:13 ; II TM 4: 6-8 ).
            O monoteísmo significa a crença na existência de um só Deus, e a adoração e o culto, e a oração feitas somente a Ele. Foi o judaísmo quem nos deu, de forma sistemática, o estabelecimento do monoteísmo. Desde Gênesis, este Deus único apresenta-se como criador de todas as coisas, relacionando-se com pessoas, tais como Adão, Abel, Enoque, Noé, Melquizedeque, até que se revela a Abrão, e, a partir dele, promete levantar um povo, que seria o seu povo na terra, em quem faria cumprir a gloriosa promessa de enviar o Salvador da humanidade. Sim, este é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
            Embora, este único Deus se manifeste, de forma inferente, de um modo pluralista, porém equipotencial e único no Antigo Testamento, contudo, é no Novo Testamento, que esta manifestação é revelada, sim de forma referente, através de Jesus Cristo, o Deus revelado. Sim, um único Deus, na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não são três deuses, pois senão seria politeísmo; não é um Deus maior e um deus menor, pois senão seria henoteismo. Cremos em um único Deus, em natureza e substância, porém na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sim, somos monoteístas!
            Esse único Deus intervém, age, interage, ama, julga, galardoa e condena, ou seja, isso é um monoteísmo ético. Um Deus que não apenas criou e abandonou, pois não é Deísmo. É Teismo, Monoteísmo ético.
            Somente a Deus eu presto o meu culto, faço minhas orações, me prostro, adoro, me consagro, chamo de digno de louvor, ofereço minha latréia, o meu proskúneo, a minha dulia litúrgica. O Pai ouve a minha oração, feita em nome, na mediação e intercessão de Jesus, e, mesmo eu não sabendo como devo pedir, o Espírito Santo intercede por mim, com gemidos inexprimíveis ( Dt 6:4 ; Mt 4: 10 ; I Tm 2:5 ; Hb 7:25 ; Rm 8: 26 ). Isso para mim é suficiente na revelação do culto, da adoração e da fé cristã! Isso é Cristianismo bíblico!



Pr. Cláudio César Laurindo da Silva 

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