Há uma matéria publicada pela
Veja, que está causando incômodo nos evangélicos, justamente pelo fato de que
nos adjetiva como “ essa gente incômoda”. Tive acesso à matéria, que foi escrita pelo
jornalista J.R. Guzzo, e isso por mais
deu uma fonte.
Para
ser sincero, procurei, em princípio, ser imparcial, colocar-me na posição do
jornalista, para tentar entender o que ele estava tentando dizer, com aquelas
palavras tão fortes, como nunca vi ninguém adjetivar nenhuma religião neste país.
Imagino se estas mesmas palavras fossem endereçadas a uma religião afro
brasileira, ou à Igreja Romana, seria, com certeza, destaque em TV e em outros
jornais e revistas. Daí eu tentar entender o que ele estava tentando dizer.
Ora, o fato de não ter incomodado a ninguém, senão só aos evangélicos, de certa
forma, confirmou que este preconceito citado no texto, de fato exista contra
nós,
Sabe,
foi dessa maneira que tentei interpretar, no início esta matéria, ou seja,
imaginei o autor se colocando no lugar da “elite pensante, mais civilizada, as
mais altas, os mais esclarecidos” e que,
segundo o autor, compõem, em sua maioria, a elite rica, e esquerda nacional. Eu
particularmente chamo de “burguesia marxista”, e o pejorativo é proposital. Ou
seja, tentei imaginar o autor interpretando, o que essa gente que domina
culturalmente o Brasil, pensa acerca dos evangélicos.
Só
que, a medida que o texto vai tendo a sua continuidade, comecei a perceber que,
este autor, de certa maneira, também se inclui nesta “elite”, nessa “gente do
bem”. Ou seja, para esse autor, a fé evangélica também é incômoda. Antes de
mais nada, todos sabem que, em qualquer setor da sociedade existem os maus e os
bons exemplos, e nem por isso iremos manchar o todo por causa dos maus
exemplos. Não desejo encobertar os maus exemplos, sei que existem joios no meio
do trigo, agora, para quem leu o texto, percebeu-se, claramente, um enorme
preconceito conceitual e de causa.
Houve,
de forma muito infeliz, uma contraposição entre o que ele chamou de “gente
bem”, em detrimento dos evangélicos, que ele adjetivou como “moreno”,
“brasileiro”, e que é “visto com crescente horror”, pela elite “esclarecida,
politizada, cultural”, dentre outras coisas. Em outras palavras, os
evangélicos, em geral, não tem essas qualidades. Mais infeliz foi afirmar que
somos vistos com antipatia e irritação, e que somos um “problema sem solução”.
Percebi,
claramente, que além do autor do texto não ter conhecimento prático e real
sobre os evangélicos, ele foi preconceituoso ao colocar, praticamente todos no
mesmo barco, ou seja, para ele “ o joio é tanto, que nem dá para enxergar o
trigo”, querendo dizer que, na sua quase totalidade, as igrejas são formadas
por líderes charlatões, que exploram a fé alheia. Chegou a sugerir ( não sei se
ironicamente), a possibilidade de um controle por parte da OAB, CNBB e Direitos
Humanos, acerca da existência das igrejas. Isso foi ridículo, pois o Brasil,
além de um país laico, tem liberdade de culto. A frase do texto que diz: “ É um
desapontamento, sem dúvida – e as cabeças corretas deste país, ficam
impacientes com a frustração de ver os cultos evangélicos crescendo”, fala por
si só.
Foi
infeliz ao comparar Nova Iorque com Brasil, dizendo que lá, os teatros estão
cheios e não há preconceitos, em comparação com os templos no Brasil.
Bom,
quanto ao fato de chamar de “moreno” e “brasileiro”, a grande maioria dos
evangélicos, embora creio que o propósito tenha sido o de expressar o que a
“elite cultural esquerdista” pensa sobre nós, na verdade, isso só vem a
significar que estamos presentes na grande maioria da população, o que não é
nenhum problema para nós. Agora, comparar-nos com a “gente bem”, ou seja nos
excluindo disso, foi um preconceito sem tamanho. Já que gostam de usar, estes
termos, chegou ao limite do “evangelicofóbico”, de seletismo, de sujeição á
perseguição!
Quanto
ao fato de comparar com a cultura de Nova Iorque e os países mais
desenvolvidos, talvez esse autor não saiba que, a cultura norte americana tem
uma fortíssima influência evangélica na sua história. Até as decisões políticas
tiveram influência nas igrejas evangélicas, onde tomavam as suas principais
decisões nas Assembléias das igrejas. Sim, a América do Norte foi colonizada
por 13 colônias de evangélicos, os puritanos e Quakers. Muitas das crianças
norte americanas, no início da colonização de povoamento, aprenderam a ler com
a Bíblia. Quase a totalidade dos Presidentes dos Estados Unidos foram de origem
Protestante. O fundador da maior Universidade do mundo, a Harvard, foi o pastor
da Igreja Congregacional John Harvard, os maiores cantores da música norte
americana, vieram das igrejas evangélicas norte americanas, dentre eles Elvis
Presley, que foi batizado na Assembléia de Deus norte americana. O
Protestantismo na Europa proporcionou um enorme desenvolvimento cultural,
filosófico e econômico, em detrimento do medievalismo que ainda dominava a
cultura da igreja romana medieval, vide Inglaterra, Alemanha, Suíça e Holanda,
que aderiram á Reforma.
Enfim,
concluo que, o próprio entendimento deste jornalista, com relação aos
evangélicos no Brasil, é equivocado, como o é de grande parte da “elite
cultural” deste páis. Sim, somos o povo “moreno”, “brasileiro”, e com muito
orgulho, sim, temos agricultores, pedreiros, carpinteiros, faxineiros,
lixeiros, dentre tantos outros profissionais, com muito orgulho. Temos gente
que não teve condições de estudar. Contudo, temos muitos,e cada vez mais,
professores, advogados, juízes, médicos, enfermeiros, militares ( praças e
oficiais), escritores, esteticistas, contadores, atletas, jornalistas, músicos,
artistas, políticos, dentre tantas outras áreas que poderiam ser citadas. Somos
brasileiros, presentes em todos os setores da sociedade. Pagamos nossos
impostos, temos sido canais de Deus para a recuperação de milhões de pessoas,
que tem saído das drogas, dentre outros vícios; temos pregado que o cidadão
deve cumprir com seus deveres de cidadão. Temos visto várias famílias serem
abençoadas.
O
que será que incomoda tanto? Serão os valores absolutos da sociedade, dos quais
nós não abrimos mão? Tais como, Deus, família e pátria? Será porque não
concordamos com o aborto? Será porque não concordamos com a destruição moral
das nossas crianças? E o pior para eles, nós somos, na grande maioria,
praticantes, ou seja, não somos “meio evangélicos”; não pertencemos a mais de
uma religião, como a maioria dos brasileiros.
Numa
coisa este autor acertou, somos a religião que mais cresce no Brasil, e, com
certeza já estamos numa proporção maior do que a teoria tem mostrado nas
pesquisas. É só observar a influência da cultura evangélica no país. Se o fato
de ser o que somos, incomoda, tenho a notícia de que, então vamos continuar “
incomodando”, não porque queremos, mas porque não vamos negar a nossa fé! Se
existem falsas igrejas e falsos líderes, eles vão dar contas a Deus. Jamais
fomos coniventes com falsos pastores. A
grande maioria dos evangélicos é composta por igrejas sérias, pastores
humildes, que vivem no meio do seu rebanho.
Tenho
muito orgulho de pertencer a uma família de evangélicos ( não somos nem
melhores e nem piores do que ninguém). Também tenho muito orgulho de ter vários
pastores. Já convivi com algum tipo de preconceito de opinião, neste país que
ainda não está sabendo conviver com a realidade de que, evangélicos aqui, já
não são os “de fora” querendo “mudar a cultura”. Não, na verdade, já somos
cultura também neste país! Se isso incomoda ou não, é um fato! De qualquer
maneira, quero dizer a esta elite, que tenha um pouco de paciência, pois
estamos aqui de passagem. Breve Cristo virá arrebatar a Sua Igreja. Melhor se
eles entregarem suas vidas a Jesus enquanto há tempo, pois não existem
privilegiados. Jesus ama a todos.
Que Deus nos abençoe!
Por: Cláudio César Laurindo da
Silva ( Pastor Evangélico da Assembléia de Deus, gente incômoda).