quarta-feira, 12 de abril de 2017

APRENDENDO PARA NÃO COMETERMOS O MESMO ERRO



            Existem dois exemplos clássicos de instituições religiosas que perderam a sua visão de Reino e a sua verdadeira legitimidade como defensores da Palavra de Deus. Uma estava relacionada ao Judaísmo e à Lei de Moisés e outra relacionada ao Cristianismo e à Bíblia, no todo.
            O primeiro, foi o Sinédrio, que, embora no início tivesse tido uma importante função religiosa e social entre os judeus, contudo, aos poucos, tornou-se, um órgão político- religioso, composto por doutores da Lei,incluindo sacerdotes e outras autoridades do judaísmo, principalmente entre fariseus, que sentiam-se os verdadeiros “representantes” da Lei de Moisés. A aproximação ao Império Romano, por troca de seus interesses, a super valorização á uma tradição humana, em detrimento da verdadeira interpretação das Escrituras, a perda do amor ao próximo, o julgamento frio e preconceituoso com relação aos samaritanos e aos gentios, o encobrimento dos pecados de seus líderes religiosos, dentre outras coisas, fizeram com que Jesus se posicionasse de forma muito severa contra eles. Embora  se considerassem os mais “ortodoxos” da lei, eles acrescentaram ao texto sagrado uma série de tradições humanas, que foram chamadas de Talmude. Era um jugo pesado, que, eles mesmos não suportavam, mas obrigavam seus liderados a suportarem. O desejo pelo poder político - religioso, junto ao império, justificava a falta de amor e misericórdia para com seus pobres irmãos judeus.
            Bom, tanto João Batista, como Jesus Cristo criticaram severamente o desvio que o sinédrio tomou nos seus rumos. É só ler Mt 23.
            O segundo, foi o processo de institucionalização e/ou aproximação entre a liderança do Cristianismo e o Império Romano, ocorrido, principalmente, a partir do século IV do Cristianismo, com a pseudo conversão de Constantino. Se por um lado, já era evidente, com o afastamento histórico do Cristianismo primitivo, da pureza inicial de sua doutrina, com esta oficial aproximação, isto acabou sendo institucionalizado. A Igreja, cujas origens verdadeiras se deram em Jerusalém, agora se vê diante de uma instituição romanizada. Contudo, apesar disso, Deus sempre manteve os seus remanescentes na História.
            Bom, as principais características foram as mesmas. O poder político-religioso, o afastamento da pureza textual do texto sagrado, e, de certa forma, o jugo humano substituindo a simplicidade da Palavra e do culto, que eles chamaram de tradição.
            Acho que estes dois exemplos nos dão o aviso de que, nossas instiuições representativas são válidas, até o ponto de que não substituam a pureza da Palavra de Deus; de que não deixemos o amor ao nosso irmão, principalmente colega de convenção, ou sinédrio, ou bispado, seja o nome que for; que não deixemos a sede pelo poder político eclesiástico, ou político/político mesmo, nos cegar, pois senão alguém poderá ser capaz de tudo para atingir os seus fins, e pior, com o nome de sagrado ou santo; que não nos julguemos tão superiores ou “santos”, a ponto de nos precipitarmos em chamar os outros de “samaritanos” ou “gentios”, e cairmos no erro de adjetivarmos de impuro a quem Deus pode estar santificando; que não caiamos na síndrome de lúcifer, de querer sempre ganhar para ganhar, e esquecermos do princípio do Reino de Deus, de que, às vezes, ganha quem perde, quem sede, quem larga também a túnica. Que nossas instituições não esqueçam, sim,  que, junto com a santidade, deve haver ,o juízo, a misericórdia e a fé, e, acima de tudo, o amor, que é o vínculo da perfeição.
            E, como gosto sempre de repetir, que nenhuma função, seja mais importante do que a unção que vem de Deus e a comunhão com nosso irmão.
            Se isso não acontecer, qualquer semelhança com os dois grupos acima citados, não será mera coincidência. Que Deus nos guarde de chegar a este extremo.

Pr. Cláudio César Laurindo da Silva

            

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