quarta-feira, 23 de abril de 2014

JORGE: DE MÁRTIR A MÍTICO E/OU MÍSTICO



            A história do irmão em Cristo, Jorge de Anicii, é igual a de muitos mártires da época do Império Romano. Morreram contra a idolatria, mas depois foram transformados em ídolos. No caso dele, ainda tem um agravante, que são os contos místicos e míticos envolvendo a sua história. Desejo dividir esta análise em dois tempos. O primeiro é tratar do irmão em Cristo que foi martirizado e o outro é tratar da idolatria e misticismo envolvendo o seu nome, e no caso do Brasil, pior, o sincretismo religioso!
            Jorge de Anicii (275-303 d.C.), filho de pais cristãos, ainda jovem também tornou-se seguidor de Jesus Cristo. Nascido na Capadócia, depois da morte de seu pai, foi para a Palestina com sua mãe. Tornou-se um bravo e eficiente soldado do império romano, tão eficiente que atingiu o posto da capitão, como sua fama chegou a Roma, foi convocado a assistir na corte, junto ao Imperador Diocleciano.
            A grande questão é que Diocleciano atribuiu o processo de queda pelo qual o império já estava passando, ao largo crescimento dos cristãos. O que os sacerdotes da religião romana diziam era que os deuses romanos estavam furiosos. Diocleciano foi um dos piores, senão o pior perseguidor dos cristãos no 3º século da Igreja.
            Em uma reunião da corte, sobre a perseguição aos cristãos, Jorge afirma sua fé, afirmando ser Jesus Cristo a verdade e serem falsos os deuses romanos. Isto enfureceu o imperador, que, na tentativa de fazer o irmão Jorge desistir, foi mutilando-o aos poucos, até que, por fim ele foi degolado. Por ser um influente soldado, tal história rapidamente se alastrou pelo império. A Conseqüência foi dupla. Uma positiva e a outra negativa. A positiva, foi que, muitos cidadãos do império, diante da tal testemunho, se converteram. A negativa, infelizmente, foi que, a veneração em torno do nome dele tornou-se tão forte, que assumiu proporções míticas e místicas. Pouco tempo depois, com a ascensão do Imperador Constantino, que por um lado, pois fim à perseguição aos cristãos, porém por outro, fez aumentar e, aos poucos, institucionalizar o processo de paganização, o culto a Jorge e o mistiscismo em torno dele tomou proporções  universais, no Império.
            Além de místico, o nome de Jorge toma proporções míticas, pois espalha-se a lenda do guerreiro matando o dragão, bem estilo de uma cultura mítica pagã grego/romana. Era o processo contínuo de paganização da igreja romana. No final do V século, oficializou-se a canonização de São Jorge, quase dois séculos depois de sua morte, que foi em 303 d.C. Até então era cultura e fé popular. A figura histórica, passou por um processo longo de tornar-se místico e mítico!
            Que triste, um cristão que morreu de forma fiel, contra a idolatria, tem hoje seu nome idolatrado e são construídas imagens de escultura e são feitas orações a ele, quando o próprio irmão Jorge declarou que era somente a Deus que se devia adorar e orar!
            No caso do Brasil, a coisa torna-se ainda pior, pois o que já era místico e mítico, tornou-se sincretista. Como no caso de vários santos da Igreja Católica, em que eles ganham outros nomes na Macumba ou no Candomblé, São Jorge ganha o nome de Ogum na Macumba e é venerado, num enorme sincretismo religioso no Brasil. Não adianta querer disfarçar, a “simbiose” destes nomes: Jorge e Ogum é muito forte e admirada por milhares de brasileiros. Milhões dos que declaram-se católicos no Brasil, veneram Ogum, afirmando serem a mesma pessoa. Como minha análise não é sociológica, mas sim teológica, afirmo que isso tudo é místico, mítico, sincretista e, por fim idolatria!
            A Bíblia diz: “Feliz é a nação cujo Deus é o senhor” Sl 33:12. Em Ex 20: 3,4,5a: “ Não terás outros deuses diante de mim,não farás para ti imagens de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu nem debaixo da terra, nem nas águas debaixo da terra, não te encurvarás diante delas, nem as servirás...”. Sl 115: 4-7: “ os ídolos  deles são prata e ouro, obra das mãos de ouro. Tem boca mas não falam;tem olhos mas não vêem; tem ouvidos mas não ouvem; tem nariz mas não cheiram; tem mãos mas não apalpam; tem pés mas não andam; nem som alguma saem das suas gargantas”. Em I Tm 2:5, diz: “ Porque há um só Deus e  um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus,  homem”.
            Prefiro dobrar os meus joelhos e orar somente a Deus, o Senhor dos exércitos ( Jeová Sabahoth ). Prefiro confiar em Jesus Cristo aquele que virá montado num cavalo branco, cujo nome é fiel e verdadeiro; julga e peleja com justiça. O nome Dele é o Verbo de Deus. General de guerra, que nunca perde uma batalha!

Deus nos abençoe!

Pr. Cláudio César Laurindo da Silva
           

            

sexta-feira, 18 de abril de 2014

CRISTO, A NOSSA PÁSCOA JÁ FOI SACRIFICADO


            A Páscoa teve, sob o ponto de vista bíblico, a sua origem no Antigo Testamento e estava relacionada diretamente ao povo de Israel. Deus levantou Moisés para ser instrumento de libertação do povo de Israel, que estava escravo no Egito. O coração de Faraó estava endurecido, por isso Deus enviou 9 pragas, que não fizeram com que o rei do Egito descesse de sua arrogância e permitisse a libertação do povo de Deus. Faltava a 10ª praga, a morte dos primogênitos.
Deus ordenou a Moisés que, as famílias dos filhos de Israel deveriam sacrificar um cordeiro e aspergir o sangue nos umbrais de suas portas. Deveriam, também, reunir-se em família para comer a carne do cordeiro assada, junto com ervas amargas e pães ázimos. Naquela noite, o anjo enviado da parte do Senhor feriu de morte todos os primogênitos que não estavam com o sangue aspergido em suas portas. Ex 12
Isto não apenas caracterizou a libertação dos filhos de Israel do Egito, como também a instituição da Páscoa, ou PESSACH, no hebraico, cuja tradução, embora complexa, pode significar: “saltar por cima ou passar por cima”.
Para os cristãos o significado da Páscoa está associado à morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele celebrou a páscoa com os discípulos e deu a ela um significado universal. Na última ceia, Cristo disse que o pão significava o seu corpo que seria sacrificado. O cálice significava o seu sangue que seria derramado por causa dos nossos pecados.
            Foi durante esse período que Ele foi crucificado e, no primeiro dia, o domingo, ressuscitou. Assim como, na páscoa dos judeus, a casa que estivesse com o sangue do cordeiro aspergido, seria livre da morte, Cristo o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, foi sacrificado e aquele cuja vida tem o sangue de Cristo, é livre da morte eterna e, mesmo que um dia passe pela morte física, terá a certeza da ressurreição, pois Cristo está vivo!
            O apóstolo Paulo claramente afirmou: “...porque Cristo,a nossa Páscoa, já foi sacrificado” I Cor5:7. Para os cristãos a páscoa tem sua aplicação em Cristo. Nele tudo foi cumprido.
Não precisamos, portanto, repetir e nem viver de acordo com ritos do Antigo Testamento e muito menos tomá-los como base para comemorarmos a páscoa. NÃO HÁ NENHUM REGISTRO NO NOVO TESTAMENTO, nem nos Evangelhos, nem nas Epístolas, nem no Apocalipse, em que se ordene fazer alguma abstinência de comida durante este período. A única relação direta que Cristo fez foi a ordenação da Ceia do Senhor, onde o pão simboliza o corpo e o cálice simboliza o seu sangue.
            De coração, respeitamos todas as correntes do Cristianismo, contudo, o verdadeiro referencial é a Igreja Primitiva, a de Jerusalém, não a de Roma do séc.IV, nem a de Constantinopla do séc. XI, nem a da Alemanha do séc. XVI.
            Não há registro de que a igreja primitiva fizesse essa abstinência. Nenhum apóstolo, nem Cristo a ordenou. Há sim, registros de que a quaresma começa a ser instituída a partir do IV século, pós Constantino, na igreja romana. Segundo a Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, mesmo que alguns argumentem que já no terceiro século havia esporadicamente, cristão que faziam alguma abstinência nesse período, contudo, não havia institucionalização de proibição de se comer carne. Muitos dos que faziam alguma abstinência, tais como jejum ou esmolas, comiam carne. Ainda segundo a Enciclopédia, foi no séc. IX que a forma atual dessa data foi definitivamente estabelecida.
            Não há nenhuma base bíblica para afirmar que é a pratica dessas liturgias que oferecem graça ou salvação. A Absolvição dos pecados é dada mediante a obra de Cristo e não das nossas penitências. Embora se argumente que o número quarenta está registrado na Bíblia, e está, contudo, associar  diretamente a páscoa cristã com quarenta dias, não foi escrito em nenhum texto do Novo testamento, como doutrina para a Igreja.
            No Brasil a coisa é ainda mais curiosa. A quarta feira de cinzas, que da início à quaresma, ocorre um dia depois da terça feira de carnaval. A grande maioria pula carnaval, em pleno nudismo, prostituição, bebedeira, fumo, brigas e depois, tudo bem, é só entrar na quaresma e na sexta feira não comer carne, “ano que vem terá mais carnaval” ( sei que nem todos os católicos fazem desse jeito).
            A lembrança da páscoa deve ser contínua em nossa mente e em nosso corpo. Durante toda a vida, devemos apresentar os nossos corpos como um sacrifício vivo, santo a agradável a Deus.
            Creio, que nós evangélicos não precisamos ficar preocupados com o fato de comer carne neste período, desde que não seja aquelas orientadas em Atos 15 e o álcool. Paulo diz claramente: “Comei de tudo o que se vende no mercado (ou açougue), nada perguntando por causa da consciência, porque do Senhor é a terra e a sua plenitude” I Cor 10: 25, 26.
            Creio, também, que não devemos ficar preocupados com o fato de comer peixe, principalmente aqueles cujos parentes são católicos e o cardápio for apenas isso. Eu particularmente não gosto de comer peixe nessa data porque o preço vai lá para cima, prefiro esperar baixar o preço. Também não precisamos ficar perdendo tempo, debatendo ou discutindo este assunto, pois o “Reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” Rm 14:17. Comendo carne ou não, o que torna alguém salvo é reconhecer o sacrifício de Jesus na cruz do calvário e confessá-lo como único e suficiente Senhor e Salvador, vivendo u ma vida de santidade, não apenas por um período, mas durante toda a vida.
            Só sei que, comendo carne ou não, o que não esquecerei jamais, não apenas na páscoa, mas durante toda a minha vida, é que Jesus Cristo morreu pelos meus pecados, ressuscitou ao terceiro dia ;Ele é o meu Salvador, tenho a certeza da minha salvação, não pelos meus méritos, mas pela sua maravilhosa graça. Creio, também que Ele breve voltará para nos arrebatar.
Dessas coisas jamais devemos nos esquecer, durante as 24 horas do dia, os 7 dias da semana, os 30 ou 31 dias do mês e os 12 meses do ano e todos os anos da nossa vida!
Como diz aquele antigo hino que cantávamos nas nossas igrejas: “ó, eu nunca esquecerei o que Deus fez por mim”.

Deus nos abençoe!


Pr. Cláudio César Laurindo da Silva