O sincretismo
religioso existente no Brasil é um fato incontestável, tanto para sociólogos e
historiadores, como para líderes religiosos que fizerem uma análise isenta de
subjetivismos. O principal e mais antigo deles, que perdura por séculos, é o
sincretismo popular entre o catolicismo e as chamadas religiões de origem afro,
como a umbanda e o candomblé. Percebam que a expressão aqui usada é sincretismo
popular, pois, é claro, ela não é, nem oficial e nem teológico/doutrinária, por
parte da Igreja Romana. Ou seja, esse sincretismo é coisa do povão mesmo.
O processo de
“catolicização” de africanos que chegaram ao Brasil, no período de colonização,
exerceu influência neste sincretismo. Alguns santos da Igreja Católica receberam
outros nomes por parte das religiões afro, sendo anexadas às suas próprias
divindades, ou entidades, e, até hoje são cultuados no mesmo dia. Quero deixar
claro que, respeito ambas as religiões, estou apenas fazendo um registro que
não tem como ser negado.
Devo ter a
honestidade de afirmar que, tal sincretismo perturba, há anos, muitos líderes
católicos, que tentam deixar claro que “ uma coisa é uma coisa, e outra coisa é
outra coisa”. Por outro lado, devo ter a coragem de afirmar que, existem outros
líderes católicos que não vêem mal algum neste sincretismo “ ecumênico”,
principalmente os da Bahia. Já vi reportagens em que padres puxam a gaveta onde
estava seus santos, e lá foram vistos pipocas, como uma demonstração clara e
consciente desse sincretismo ecumênico.
Um desses
sincretismos é o do dia de Cosme e Damião. Sabemos que eles foram cristãos da Egéia, na Arábia, médicos que
praticavam a caridade e que foram martirizados por não negarem a sua fé e não
se curvarem à imagem do Imperador Diocleciano, entre os séculos 3 e 4 d.C.
No século IX a
igreja romana os canonizou, oficializando a veneração e o culto aos gêmeos. O
sincretismo dos santos gêmeos com a macumba e o candomblé deu-se no Brasil,
muitos séculos depois, quando estes santos foram chamados, pelas religiões
afro, de ibejis ( entidades gêmeas). A data oficial até 1969 era 27 de
setembro, até que a igreja romana estabeceu o dia 26 de setembro como o dia do
rito ordinário e o dia 27 de setembro como o dia do rito extraordinário. Porém,
na prática , muitos dos católicos, como também das religiões afro comemoram no
dia 27, quando doces e comidas são distribuídas, embora este seja, também,
oficialmente, o dia de São Vicente de Paulo, para os católicos.
Outro sincretismo
é observado na comemoração do dia de São
Jorge, que foi um cristão, soldado romano que se converteu ao Cristianismo na
segunda metade do terceiro século e foi martirizado no início do 4º século, no
período do Imperador Diocleciano. A partir do período de Constantino, com o fim
da perseguição à Igreja, mas com a aproximação entre a Igreja e o estado romano,
Jorge passou a ser uma figura venerada entre os cristãos, onde elementos históricos
se fundiram com místicos e míticos em torno de sua pessoa. Na umbanda e
candomblé, são Jorge é chamado de ogum, um deus guerreiro. Como o dia 23 de
abril é o dia da comemoração entre os católicos, esse dia também foi celebrado
pelas religiões afro. No período da colonização, eles fingiam estar cultuando a
são Jorge, mas, na verdade, estavam cultuando a ogum, só que, com o tempo, esse
sincretismo popularizou-se, a ponto de, na cultura popular de muitos católicos
não praticantes e dos fiéis da umbanda e candomblé, ogum e são Jorge são a
mesma pessoa, ou entidade, ou santo. Muitos fogos que são soltos durante toda a
madrugada, podem estar vindo, ou de terreiros ou de católicos. Claro, repito
que a igreja romana procura mostrar que, são Jorge não tem nenhuma relação com
ogum, todavia, o sincretismo a que me refiro é popular e muito forte no Brasil,
e envolve milhões de pessoas.
Outra
manifestação de sincretismo é observada no culto dos católicos à santa Bárbara,
uma cristã que foi martirizada no período do imperador Maximiano (311 d.C.).
Conta-se que dentre os seus torturadores estava o seu pai, Dióscoro, que não
aceitava a fé cristã da filha. Ao ser decapitada pelo próprio pai e pelos habitantes
da cidade, raios e trovões foram vistos, que atingiu o seu pai. Daí a relação
de santa Bárbara com os raios e trovões.
Com
o passar do tempo, Bárbara passou a ser venerada e cultuada pela igreja romana.
No sincretismo brasileiro, Bárbara é identificada com iansã, deusa dos raios e trovões
das religiões afro. Essa era a maneira que os adeptos da umbanda e candomblé
fingiam que estavam cultuando à santa Bárbara, mas estavam evocando suas
divindades. Com o tempo, ocorreu o mesmo que aconteceu com relação aos outros
santos católicos e às entidades afros, ou seja, passaram a ser cultuados no
mesmo dia. Novamente afirmo: para a igreja romana, trata-se de cultos
diferentes, porém, tanto para as religiões afro, como, para grande parte dos
brasileiros, que incluem católicos nominais e adeptos da umbanda e candomblé,
trata-se do mesmo culto. Isso, de fato é sincretismo religioso.
Os
cristãos evangélicos, embora reconheçam o valor histórico e o exemplo destes
nobres cristãos que foram martirizados por sua fé em Jesus, no período da perseguição
feita pelo Império romano, todavia, não costumamos fazer imagens de escultura
em nossos cultos, e nem prestarmos veneração ou culto a ninguém, que não seja o
próprio Deus. Respeitamos a fé de todos, porém nos damos ao direito de entender
que, quem já partiu deste mundo, não pode ouvir nossas orações, ainda mais
quando feitas em pensamentos. Só Deus ouve as nossas orações e elas devem ser
feitas diretamente a Ele, em nome, na mediação e intercessão de Jesus Cristo.
Entendemos que, segundo a Bíblia, a intercessão de um irmão é ele orar, comigo
a Deus e não eu orar ao meu irmão e depois eu dizer: “ eu orei/rezei ao irmão tal
e ele me concedeu tal graça”, e, depois, pagar promessa a ele. Não,
definitivamente não. Isso é idolatria. A minha oração deve ser dirigida
diretamente a Deus.
A
Bíblia diz que não devemos nos curvar ou cultuar imagens de escultura, mesmo
que de forma simbólica – Ex 20: 4. Manda, também, nós fugirmos da idolatria – I
Cor 10:14. Deus deve ser adorado em espírito e em verdade – Jo 4: 24. Dele
procede toda bênção e dom – Tg 1:17. É Ele quem protege as nossas crianças,
quem ordena aos ventos, trovões e mares, quem cura as nossas doenças, quem
peleja as nossas guerras, sim, Ele é o Senhor dos exércitos.
Cosme
e Damião, Jorge, Bárbara, morreram contra a idolatria, confiando em Deus.
Certamente eles não aprovariam ver as suas imagens sendo cultuadas e orações
feitas a eles. Jesus Cristo, o nosso Senhor, afirmou que devemos orar ao Pai,
no nome Dele – Jo 14:13 ; Jo 16:23. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos,
disse que, ainda contamos com a gloriosa intercessão do Espírito Santo – Rm 8:
26.
Vá
direto a Deus, em nome de Jesus e na intercessão do Espírito Santo e certamente
você encontrará as respostas essenciais para a sua vida e a salvação eterna que
só se encontra na pessoa e na obra redentora de Jesus Cristo. Entregue hoje
mesmo a sua vida a Ele, confessando-o como único e suficiente Senhor e Salvador.
Onde você está mesmo, Ele pode ouvir você, pois só Deus penetra os pensamentos do
ser humano. Esse é o verdadeiro Cristianismo pregado no primeiro século da
Igreja e registrado, como fonte canônica e histórica para toda a Igreja de
Cristo. O Cristianismo deve ser puro e cristalino, como é a Palavra de Deus.
Deus te abençoe!
Pr. Cláudio César Laurindo da
Silva.