sábado, 30 de setembro de 2017

O SINCRETISMO RELIGIOSO NO BRASIL




O sincretismo religioso existente no Brasil é um fato incontestável, tanto para sociólogos e historiadores, como para líderes religiosos que fizerem uma análise isenta de subjetivismos. O principal e mais antigo deles, que perdura por séculos, é o sincretismo popular entre o catolicismo e as chamadas religiões de origem afro, como a umbanda e o candomblé. Percebam que a expressão aqui usada é sincretismo popular, pois, é claro, ela não é, nem oficial e nem teológico/doutrinária, por parte da Igreja Romana. Ou seja, esse sincretismo é coisa do povão mesmo.
O processo de “catolicização” de africanos que chegaram ao Brasil, no período de colonização, exerceu influência neste sincretismo. Alguns santos da Igreja Católica receberam outros nomes por parte das religiões afro, sendo anexadas às suas próprias divindades, ou entidades, e, até hoje são cultuados no mesmo dia. Quero deixar claro que, respeito ambas as religiões, estou apenas fazendo um registro que não tem como ser negado.
Devo ter a honestidade de afirmar que, tal sincretismo perturba, há anos, muitos líderes católicos, que tentam deixar claro que “ uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa”. Por outro lado, devo ter a coragem de afirmar que, existem outros líderes católicos que não vêem mal algum neste sincretismo “ ecumênico”, principalmente os da Bahia. Já vi reportagens em que padres puxam a gaveta onde estava seus santos, e lá foram vistos pipocas, como uma demonstração clara e consciente desse sincretismo ecumênico.
Um desses sincretismos é o do dia de Cosme e Damião. Sabemos que eles foram  cristãos da Egéia, na Arábia, médicos que praticavam a caridade e que foram martirizados por não negarem a sua fé e não se curvarem à imagem do Imperador Diocleciano, entre os séculos 3 e 4 d.C.
No século IX a igreja romana os canonizou, oficializando a veneração e o culto aos gêmeos. O sincretismo dos santos gêmeos com a macumba e o candomblé deu-se no Brasil, muitos séculos depois, quando estes santos foram chamados, pelas religiões afro, de ibejis ( entidades gêmeas). A data oficial até 1969 era 27 de setembro, até que a igreja romana estabeceu o dia 26 de setembro como o dia do rito ordinário e o dia 27 de setembro como o dia do rito extraordinário. Porém, na prática , muitos dos católicos, como também das religiões afro comemoram no dia 27, quando doces e comidas são distribuídas, embora este seja, também, oficialmente, o dia de São Vicente de Paulo, para os católicos.
Outro sincretismo é observado na comemoração do  dia de São Jorge, que foi um cristão, soldado romano que se converteu ao Cristianismo na segunda metade do terceiro século e foi martirizado no início do 4º século, no período do Imperador Diocleciano. A partir do período de Constantino, com o fim da perseguição à Igreja, mas com a aproximação entre a Igreja e o estado romano, Jorge passou a ser uma figura venerada entre os cristãos, onde elementos históricos se fundiram com místicos e míticos em torno de sua pessoa. Na umbanda e candomblé, são Jorge é chamado de ogum, um deus guerreiro. Como o dia 23 de abril é o dia da comemoração entre os católicos, esse dia também foi celebrado pelas religiões afro. No período da colonização, eles fingiam estar cultuando a são Jorge, mas, na verdade, estavam cultuando a ogum, só que, com o tempo, esse sincretismo popularizou-se, a ponto de, na cultura popular de muitos católicos não praticantes e dos fiéis da umbanda e candomblé, ogum e são Jorge são a mesma pessoa, ou entidade, ou santo. Muitos fogos que são soltos durante toda a madrugada, podem estar vindo, ou de terreiros ou de católicos. Claro, repito que a igreja romana procura mostrar que, são Jorge não tem nenhuma relação com ogum, todavia, o sincretismo a que me refiro é popular e muito forte no Brasil, e envolve milhões de pessoas.
            Outra manifestação de sincretismo é observada no culto dos católicos à santa Bárbara, uma cristã que foi martirizada no período do imperador Maximiano (311 d.C.). Conta-se que dentre os seus torturadores estava o seu pai, Dióscoro, que não aceitava a fé cristã da filha. Ao ser decapitada pelo próprio pai e pelos habitantes da cidade, raios e trovões foram vistos, que atingiu o seu pai. Daí a relação de santa Bárbara com os raios e trovões.
            Com o passar do tempo, Bárbara passou a ser venerada e cultuada pela igreja romana. No sincretismo brasileiro, Bárbara é  identificada com iansã, deusa dos raios e trovões das religiões afro. Essa era a maneira que os adeptos da umbanda e candomblé fingiam que estavam cultuando à santa Bárbara, mas estavam evocando suas divindades. Com o tempo, ocorreu o mesmo que aconteceu com relação aos outros santos católicos e às entidades afros, ou seja, passaram a ser cultuados no mesmo dia. Novamente afirmo: para a igreja romana, trata-se de cultos diferentes, porém, tanto para as religiões afro, como, para grande parte dos brasileiros, que incluem católicos nominais e adeptos da umbanda e candomblé, trata-se do mesmo culto. Isso, de fato é sincretismo religioso.
            Os cristãos evangélicos, embora reconheçam o valor histórico e o exemplo destes nobres cristãos que foram martirizados por sua fé em Jesus, no período da perseguição feita pelo Império romano, todavia, não costumamos fazer imagens de escultura em nossos cultos, e nem prestarmos veneração ou culto a ninguém, que não seja o próprio Deus. Respeitamos a fé de todos, porém nos damos ao direito de entender que, quem já partiu deste mundo, não pode ouvir nossas orações, ainda mais quando feitas em pensamentos. Só Deus ouve as nossas orações e elas devem ser feitas diretamente a Ele, em nome, na mediação e intercessão de Jesus Cristo. Entendemos que, segundo a Bíblia, a intercessão de um irmão é ele orar, comigo a Deus e não eu orar ao meu irmão e depois eu dizer: “ eu orei/rezei ao irmão tal e ele me concedeu tal graça”, e, depois, pagar promessa a ele. Não, definitivamente não. Isso é idolatria. A minha oração deve ser dirigida diretamente a Deus.
            A Bíblia diz que não devemos nos curvar ou cultuar imagens de escultura, mesmo que de forma simbólica – Ex 20: 4. Manda, também, nós fugirmos da idolatria – I Cor 10:14. Deus deve ser adorado em espírito e em verdade – Jo 4: 24. Dele procede toda bênção e dom – Tg 1:17. É Ele quem protege as nossas crianças, quem ordena aos ventos, trovões e mares, quem cura as nossas doenças, quem peleja as nossas guerras, sim, Ele é o Senhor dos exércitos.
            Cosme e Damião, Jorge, Bárbara, morreram contra a idolatria, confiando em Deus. Certamente eles não aprovariam ver as suas imagens sendo cultuadas e orações feitas a eles. Jesus Cristo, o nosso Senhor, afirmou que devemos orar ao Pai, no nome Dele – Jo 14:13 ; Jo 16:23. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, disse que, ainda contamos com a gloriosa intercessão do Espírito Santo – Rm 8: 26.
            Vá direto a Deus, em nome de Jesus e na intercessão do Espírito Santo e certamente você encontrará as respostas essenciais para a sua vida e a salvação eterna que só se encontra na pessoa e na obra redentora de Jesus Cristo. Entregue hoje mesmo a sua vida a Ele, confessando-o como único e suficiente Senhor e Salvador. Onde você está mesmo, Ele pode ouvir você, pois só Deus penetra os pensamentos do ser humano. Esse é o verdadeiro Cristianismo pregado no primeiro século da Igreja e registrado, como fonte canônica e histórica para toda a Igreja de Cristo. O Cristianismo deve ser puro e cristalino, como é a Palavra de Deus.

Deus te abençoe!

Pr. Cláudio César Laurindo da Silva.





quinta-feira, 21 de setembro de 2017

ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS, SÓ DEUS POSSUI




            A Bíblia Sagrada apresenta dois tipos de atributos inerentes em Deus, que a Teologia Própria identifica como, atributos comunicáveis e incomunicáveis. Os atributos comunicáveis são aqueles que Deus possui, contudo, comunica aos seres criados, especificamente ao ser humano, embora só Deus os possuía de maneira perfeita e completa. Já os atributos incomunicáveis, só Deus os possui. É o que faz a diferença entre o eterno e o temporal; entre Criador e criatura; entre o oleiro e o vaso; entre o ourives e o ouro.
            Atributos como, por exemplo, onisciência, onipresença e onipotência, só pertencem a Deus. Daí podemos tirar algumas conclusões práticas, mas não menos profundas.
            Só Deus, por exemplo, possui a onisciência, ou seja, tem todo o conhecimento, sabe tudo, em todo o tempo, sabe o que está na mente e no coração do ser humano, lê os pensamentos e intenções. O salmista disse: “ sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces” Sl 139:4.  Nenhum ser criado, nem no mundo físico e nem no espiritual, penetra nesta profundidade. Só Deus consegue ouvir os pensamentos, escutar as orações que não se falam com a boca, mas com a mente e o espírito. Só o Espírito Santo leva até o Pai, aquilo que ninguém escutou, além de Deus.
            Dessa forma, com todo respeito, mas com coragem, afirmo que, preces que se fazem, em toda parte do planeta, principalmente com a mente, a outros intercessores, por mais piedosos que tenham sido aqui, não podem ser por eles ouvidos. Se alguém, por exemplo, fizer uma prece a alguém, que não seja a Deus, em pensamento, pedindo que este, ou esta, leve esta prece até Ele, eu diria,com todo o respeito, que deverá ser justamente o contrário,ou seja, se alguém fizer uma prece com o pensamento, antes deste intercessor ou intercessora tomar conhecimento ( se pudesse), o primeiro a saber seria o onisciente Deus, e, este intercessor(a) saberia somente depois ou por meio Deus. Quem questionar este argumento, estará questionando o fato de que, onisciência pertence somente a Deus!
            Creio que, o argumento de que, a unidade da Igreja no mundo espiritual, pode ser usada para justificar que um intercessor (a) pode ouvir a prece que se faça em pensamento, não é válida, pois, a unidade da igreja, no mundo espiritual, não dá à Igreja as característitcas e/ou os atributos que pertencem somente a Deus. A Igreja está unida entre si e ao cabeça, mas jamais ela será cabeça. Ela é corpo. Jesus é Deus, co-eterno com o Pai, e atributos incomunicáveis pertencem somente ao Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
            Vale lembrar que, intercessão no mundo cristão bíblico, entre irmãos, diz respeito ao fato de que, eu posso pedir a um irmão meu na fé, que ore por mim e comigo a Deus. Isso é uma relação equipotencial, ou seja, eu não oro ao meu irmão, eu oro a Deus junto com o meu irmão. Isso é valido entre vivos. Os irmãos que já partiram, segundo a Bíblia, não ouvem minhas orações. A Palavra de Deus diz que não devemos consultar os mortos – Dt 18:11. A passagem dos mortos diante do trono de Deus que clamavam a Ele, não pode ser usado como argumento para justificar comunicação de vivos com mortos, e nem que eles possam estar ouvindo o que se passa na terra, pois, o que se passa ali, é do céu, para o céu. Eles estão no céu e clamam a Deus. Aliás, clamam por eles, pois o versículo diz: “até quando, ó soberano, santo e verdadeiro, não julgas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra” Ap 6:10. Vejam, eles clamam por eles: “ não vingas o NOSSO sangue...”. Depois disso, o que é dado a eles, são compridas vestes brancas e lhes é dito para repousassem, até que se completasse o número de seus irmãos. Ap 6:11.
            Sim, o sentido ali é o de que, o ministério deles na terra havia se encerrado e eles deveriam repousar ( claro, com relação às obras na terra). Ap 14: 13 diz a mesma coisa: “ Bem aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor, sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham.” É por isso que o Apóstolo Paulo, quando estava prestes a morrer, afirmou: “ quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a minha carreira e guardei a fé” II Tm 4: 6,7. E o que restaria depois a Paulo? Ele responde: “ Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo Juiz me dará naquele dia; e não somente a mim, mas a todos os que amarem a sua vinda”. O sentido aqui, é o de um veterano de guerra, que está encerrando a sua carreira. Sim, se os que partiram para a eternidade tivessem que ficar ouvindo os clamores, lamúrias e petições dos que ainda estão nesta terra, não seria descanso, seria preocupação!
            Vale lembrar, também que, a Bíblia apresenta somente a Jesus como aquele que, morreu pelos nossos pecados, ressuscitou ao terceiro dia e foi assunto ao céu. Disso, não há a menor dúvida disso. Estas verdades são apresentadas de forma clara e objetiva – At 1:3 ; I Cor 15: 3-8 ; At 1: 8-11. Ressurreição e assunção são coisas muito sérias, pois  geram uma doutrina. Deus não é Deus de confusão! Se qualquer outra pessoa no Novo testamento tivesse sido ressuscitada e tivesse ido assunto ao céu, certamente a Bíblia apresentaria, de forma clara e objetiva! João, o último apóstolo vivo, certamente teria narrado, de forma a não deixar qualquer dúvida. Até mesmo Paulo, pois a maior parte dos escritos são depois do ano 50 ou 60 d.C. Se Maria, por exemplo, que foi uma serva do Senhor, e exemplo para todas as cristãs no mundo. Mulher admirável e fiel ao Senhor, mãe de Jesus, segundo a natureza humana. Imaginemos que, ela tivesse, pelo menos, 20 anos a mais do que Jesus. Então, por volta do ano 60 depois do nascimento de Cristo, ela deveria ter, quase 80 anos, Analisando a data que João escreveu Apocalipse ( 90 d.C.), é fácil chegar á conclusão de que, ele, João, certamente teria sabido da assunção dela e um acontecimento tão significativo, não deixaria dupla interpretação ou dúvidas na comunidade cristã do primeiro século.Mesmo para aqueles que acham que tivesse menos de 20, todavia, isso só faria uma diferença de no máximo uns 5 anos. mesmo no período subapostólico,  a assunção de Maria, com mais de 100 anos, teria sido claramente registrada, ou, ainda assim, para os que acham que sua assunção tenha sido depois da morte, sem testemunhas oculares claras, creio que Deus não permitiria uma coisa tão importante não ter tido testemunhas visíveis para registrarem. Fato é que, sem forçar a barra, não houve quem tenha visto e testemunhado o momento exato da assunção. O que há, sim, são testemunhos de visões que tenham recebido, tempos depois. Isso é tanto verdade que, esta doutrina só foi oficializada pela igreja romana em 1950. Antes disso, não era um dogma, nem crença oficial! Minha intenção não é ofender os que crêem na assunção de Maria, pois, tenho o direito de falar nela também, afinal, ela foi minha irmã em Cristo aqui na terra, aquela que nos abençoou, sendo canal de Deus para o nascimento de Cristo, contudo, é temerário afirmar algo que, a maior tradição de todas, que é a original, a proto, que é a Igreja do primeiro século, não afirma, nas descrições das páginas do Novo Testamento. Por mais que afirmem que, através da tradição de outros séculos, alguns líderes tivessem crido, ou que digam que ela tenha aparecido a algumas pessoas, contudo, ainda assim é temerário afirmar algo que, quem poderia ter visto não viu e não relatou. Deus não deixaria algo tão forte passar desapercebido pelos apóstolos de Cristo e, se eles tivessem visto, certamente, teriam narrado nos textos Sagrados. Vale lembrar que, neste caso, os pseudepígrafos e os apócrifos são duvidosos quanto a isto!
            Enfim, o que pareceu ser uma volta grande no que eu propus inicialmente, na verdade foi um apanhado geral para lembrar que, se a Bíblia deixa claro que, somente Deus possui a onisciência, onipotência e onipresença, eu devo ir direto a Ele, em nome de Jesus e na intercessão do Espírito Santo. Isso não é arrogância, pelo contrário, é consideração e confiança em uma tão perfeita e completa obra executada por Cristo na cruz do calvário por nós. Sim, o véu do templo já se rasgou de alto a baixo e o meu acesso a Deus foi liberado por Jesus Cristo. A Bíblia diz: “ tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que Ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne e tendo um grande sumo sacerdote  sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, e inteira certeza de fé...” Hb 10: 19-21.
            Sim, não deixe que nada atrapalhe a sua relação direta com Deus. Ele é o nosso Deus. A nossa devoção é a Ele. O nosso culto é a Ele. A nossa oração é a Ele. A glória é Dele. Quem é digno é Ele. Isso é de noiva para noivo. De corpo para cabeça. De criatura para criador. De vaso para oleiro. Sim, você pode orar em pensamentos ou em alta voz. Ele ouve, sabe e responde. Deus não vai achar arrogância ir direto a Ele, pelo contrário, Ele enviou justamente o seu Filho unigênito para isso. Ore ao Pai, em nome do Filho e na intercessão gloriosa do Espírito Santo. Jesus disse que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade.
            Ao único Deus verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo, seja a honra, a glória o louvor e a adoração. Sim ao Deus onisciente,onipresente e onipresente seja a nossa oração, em devoção, pedidos, mas também em adoração! Amém!



Pr. Cláudio César Laurindo da Silva.