quinta-feira, 13 de julho de 2017

CUMPRA-SE O QUE ESTÁ ESCRITO




            A frase que está ecoando forte no ouvido de milhões de brasileiros, desde ontem é: “ninguém, por mais alto que seja o cargo, está acima da lei”, onde faz-se, na mesma, uma afirmação e confirmação, da lei escrita, principalmente a Lei máxima, ou Carta Magna do país, que é a sua Constituição.   
            Pois bem, se a lei humana de um povo, que está escrita e registrata, deve ser o parâmetro de conduta, e sua violação pode gerar uma condenação, que dirá a Lei divina, as Sagradas Escrituras, sim a Bíblia Sagrada, para os cristãos. Ela é o orientador doutrinário da Igreja, é a lâmpada que ilumina o seu caminhar, é o alimento que a sustenta, ela é viva e eficaz, penetra na divisão da alma e do espírito, o próprio Deus vela para que ela seja cumprida. Tais adjetivos são dados pela própria Escritura, sobre si mesma. Paulo afirma: “toda escritura é divinamente inspirada”. II Tm 3:16.
            Se, é verdade que, nenhum cidadão está acima da lei, é mais verdade ainda que, nenhum cristão está acima das Escrituras Sagradas e, nenhuma igreja que se julgue verdadeira, também estará acima dela. Foi Deus quem deu as Escrituras para a Igreja, usando seus servos para a escrevê-la, dentro do recorte temporal de aprox. 1450/1400 a.C. ( isso se levarmos em consideração a data incerta do livro de Jó, embora saibamos que ele era contemporâneo do período patriarcal, o que não significa, necessariamente que tenha sido escrita nesse período) a 90/96 d.C. e não a Igreja que deu as Escrituras, ou “autorizou-as”. O que houve, tanto com relação ao A.T. no ano 90 d.C. pelos rabinos, como o que houve no ano 397 d.C. com relação aos escritos do N.T. foi apenas um reconhecimento do que já era aceito e reconhecido pela Igreja desde o final do primeiro século.
            O diabo tanto sabe disso, que usou as próprias Escrituras Sagradas para tentar derrubar Jesus, quando dizia: “está escrito”, porém Jesus sabiamente respondia: “também está escrito”. Glória a Deus, que Jesus saiu vitorioso deste confronto, usando as Escrituras como arma espiritual!
            Sim, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo sempre estará, lendo, ouvindo e guardando os princípios da Palavra de Deus. Leia a Bíblia Sagrada, ela serve para você hoje. Nela você encontrará a Jesus Cristo, a fonte da salvação e da vida eterna.
            Quanto à inclusão ou acréscimo ao que está nela, vale lembrar que, Jesus não autorizou nenhuma “evolução doutrinária histórica”. A doutrina da Igreja está completa nas Escrituras, o que devemos fazer é como fazia a igreja primitiva, e que está registrado em Atos: “ e perseveravam na doutrina dos apóstolos...” At 2: 42. Sim, vale o que está escrito então ... “ cumpra-se o que está escrito”.

Deus nos abençoe!

Pr. Cláudio César Laurindo da Silva






segunda-feira, 3 de julho de 2017

INTERCESSÃO DE QUEM JÁ MORREU?




            Podem os cristãos que já morreram intercederem por nós? É correto os cristãos fazerem orações aos santos, pedindo sua intercessão? O que a Bíblia diz sobre isso? Será que a intercessão que os cristãos vivos fazem, um pelo outro, tem o mesmo sentido dessa intercessão de comunicação com os mortos?
            Bom,  é importante salientar que, mesmo que fosse possível, é, no mínimo, desnecessário, pois, se Deus enviou o seu único Filho, que nos garante acesso direto ao Pai, pela intercessão do Espírito Santo, então, não se trata de presunção, pois não são pelos nossos méritos, mas sim pelos méritos de Jesus.
            Em primeiro lugar, usar o argumento de que, se existe intercessão entre os cristãos vivos, então pode existir a intercessão entre os cristãos que vivem e os que partiram, é uma enorme forçação  de barra. A intercessão entre os cristãos vivos,consiste no fato de que, eu oro a Deus em favor do meu irmão, e ele também ora a Deus, por ele, e também por mim. A Bíblia diz: “orai uns pelos outros” Tg 5:16. Não significa que eu vou orar AO MEU IRMÃO, mas sim, ORAR A DEUS em favor do meu irmão. Ele tem acesso direto a Deus e eu também! Quando peço que, Raquel, minha esposa ore por mim, não significa que eu vou fazer oração à Raquel. Eu não vou me curvar à sua imagem, ou elevar meu pensamento a ela e dizer: “Oh Raquel, rogue por mim diante de Deus”! Não é isso. Eu oro a Deus, e ela ora a Deus. No Cristianismo bíblico, monoteísta, somente Deus é alvo das nossas orações e culto! Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, pede aos irmãos de lá, TODOS, que rogassem a Deus por eles, para que a Palavra de Deus tivesse livre acesso ( I Tess 3:1). Esse rogar, foi no sentido de pedir com rogos, como em Romanos: “ Rogo-vos pois irmãos,pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos como um sacrifício, vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” Rm 12:1. Observe, Paulo não está fazendo uma oração no sentido litúrgico aos irmãos, mas sim fazendo um pedido com ênfase.
            O significado bíblico de santo, é amplo, e abrange a todos os que foram salvos em Cristo e lavados pelo Seu sangue. Paulo escrevendo aos Coríntios, uma igreja com dificuldades, que tinha em si, alguns irmãos que precisavam crescer espiritualmente, da seguinte maneira:  “à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” I Cor 1: 2. Quando ele referiu-se aos cristãos de Roma, diz: “a todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados para serdes santos...” Rm 1: 7. No capítulo 16 da mesma carta, quando Paulo manda receber a irmã Febe, ele pede para recebê-la “ como convém aos santos” Rm 16:2. Em Efésios, exortando acerca da postura dos cristãos, Paulo diz: “mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos” Ef 5:3.
            Muitas outras passagens poderiam ser usadas, todavia, estas são suficientes para afirmar que, no contexto do Novo Testamento, a palavra santo, no seu sentido amplo, refere-se a todos os que foram lavados pelo sangue de Jesus, e fazem parte do Corpo de Cristo. Sim, cada cristão individualmente, é um santo e a Igreja, como corpo, é um povo santo – I Pe 2:9. Estamos em processo crescente de santificação, e devemos nos aprofundar a cada dia nisto. Sim, houve homens e mulheres que  desenvolveram um nível de comunhão mais íntimo com Deus, vivendo uma vida de maior santificação, mas, em nenhuma parte da Bíblia está escrito que deveríamos fazer preces a eles, e nem prestar-lhes culto. Com relação a João Batista, Jesus disse: “Em verdade vos  digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João , o Batista, mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”. Quando o apóstolo João tentou curvar-se diante do anjo que lhe trouxe a mensagem, ele o advertiu, dizendo: “eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” Ap 22: 9. Quanto mais santo, mais reconhece que não são seus méritos; quanto mais santo, mas vai dizer que o caminho é Cristo; quanto mais santo, mais irá dizer que, devemos orar é a Deus, e não aos homens!
            Em segundo lugar, não existe base bíblica para eu pedir a intercessão de um cristão que já morreu. A palavra de Deus proíbe, veementemente, a comunicação entre vivos e mortos. “ nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos” Deut 18:11. A Bíblia diz que: “ ...aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” Hb 9:27.
            Na passagem do rico e do Lazaro, quando, depois que morreu, o rico pede para que  Lázaro fosse ao encontro dos parentes vivos, foi-lhe dito: “tem Moisés e os profetas, ouçam-nos”, referindo-se ao livro da lei e dos profetas.
            Os ímpios que morreram, estão, já no hades, esperando o dia do juízo final. Já os justos que morreram, diz a Bíblia, estão com Cristo, descansando das suas obras, que as acompanham, “ Ap 14:13. Paulo, já sabendo que estava prestes a partir, disse: “combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé; desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz me dará naquele dia; e não somente a mim, mas a todos os que amarem a sua vinda” II Tm 4: 7,8.
            Vocês acham mesmo que, Deus permitiria que estes homens, depois de  cumprirem as suas carreiras e estarem descansando de suas obras, se envolvessem com os problemas e desafios daqui deste mundo? Acham mesmo que teriam que resolver os problemas das pessoas? Isso não seria combater o bom combate e concluir a carreira; não seria descansar de suas obras.
            Outra questão, para que estes mortos atendessem as orações, teriam que ter a capacidade de ouvi-las. Imagine se, uma pessoa faça uma prece a um santo, daqui do Brasil, e outro na mesma hora, faça também uma prece da Europa, outro da África? Para que este santo ouça, ele precisa ter atributos que só Deus possui. A Absoluta imanência e transcedência só Deus possui. A onisciência, onipotência e onipresença, são atributos de Deus. Pedir que um santo sonde seu coração, cuide de sua mente e alma, chega a ser uma blasfêmia!        
            Terceiro, existem alguns argumentos que são usados, que não passam pelo crivo mais simples da interpretação bíblica. Por exemplo, o argumento de que, se existe a unidade do corpo de Cristo com o cabeça, então, os mortos podem ter contato com o mundo físico. Ora, a unidade do corpo, que é a Igreja, com Cristo, que é o cabeça, não significa que a Igreja terá os atributos incomunicáveis de Cristo; atributos estes que somente a divindade possui. Unidade com Cristo, não significa ser o que somente Ele é, mas sim, fazer o que, por Ele nos for delegado e permitido, sendo, na verdade, Ele quem faz e nós apenas somos canais. Acerca da divindade, gosto sempre de lembrar uma frase do Pr. Paulo Romero, que diz: “acerca da divindade, existem duas verdades. A primeira, há um só Deus. A segunda, você não é Ele.
            Outro texto mal interpretado, é afirmar que Jesus Cristo, ao dizer que é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, não é Deus de mortos, mas de vivos, pode ser usado como base para orar e pedir intercessão dos mortos. A mais simples exegese do capítulo em questão ( Mt 22: 23-33), nos irá revelar que, em momento algum Jesus Cristo está afirmando que podemos fazer oração aos mortos e pedir deles favores.
            Lucas, no capítulo 20 e versículo 35, nos dá duas interpretações possíveis: “ mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos”.
            Ou seja, o texto em questão está falando acerca da ressurreição, tanto é que os saduceus, para tentarem provar a Jesus que não existe ressurreição, apresentam o argumento da lei  de Moisés, acerca da viúva que não tiver filhos poder se casar com o irmão do marido falecido, para gerar posteridade. Jesus responde que na ressurreição, não se casam nem se dão em casamento, mas serão como os anjos.
Daí Jesus conclui, afirmando que, se Abraão, Isaque e Jacó morreram e, se Deus é chamado de  Deus deles, então Deus não é Deus dos mortos, mas de vivos, reafirmando, tanto que haverá ressurreição, como, também que eles, enquanto não têm os seus corpos ressuscitados, estão no mundo vindouro, em vida, aguardando a ressurreição dos corpos. CONTUNDO, EM MOMENTO ALGUM JESUS AFIRMA QUE PODE HAVER COMUNICAÇÃO ENTRE VIVOS E MORTOS E NEM QUE PODEMOS FAZER ORAÇÕES ÀQUELES QUE JÁ MORRERAM. JESUS, APENAS AFIRMOU QUE ELES ESTÃO VIVOS! Até porque, a passagem do rico e do Lázaro, mostra bem que não haveria a possibilidade dele Lázaro), que estava no seio de Abraão, retornar e nem se comunicar com os que ainda não morreram.
Sendo sincero, o que tenho notado é que, estas orações feitas aos que já morreram, na prática, estão recheadas de petições e atributos que a Bíblia só concede a Deus. Expressões tais como: “cuidai dos meus caminhos, abra os meus caminhos, curai as minhas dores”. “aquele que me defende da tentação e do demônio”. “vele por mim, cortai todo o mal”. “me coloco sob a proteção do teu escudo”; “protegei-me e defendei-me, pois sou um pobre pecador” “apresentai-vos como meu medianeiro junto a Jesus” ( vale lembrar que, este santo está sendo elevado à função de mediador) ; “fazei recuar os meus inimigos que atentam contra a minha fé” ; “iluminai-me, guiai-me, fortalecei-me, defendei-me” ; “andarei vestidos com as armas de...” ( na verdade, a Bíblia nos orienta a andarmos revestidos com as armaduras de Deus, e não de santo algum, por mais que tenha sido um cristão fiel)
 Se alguém achar que isso é apenas pedir a intercessão de um irmão em Cristo que já partiu, junto a Deus ( mesmo que isso em si mesmo não tenha base bíblica), as palavras destas orações dizem ao contrário. O que, na verdade, está ocorrendo, é uma oração e um culto, com termos que a Bíblia só aplica a Deus.
Por fim, por mais que saibamos que, idolatria não é apenas cultuar imagens de escultura, pois o sentido de idolatria é muito amplo, contudo, qualquer pesquisador sincero sobre idolatria sabe que, desde os povos mais antigos, a relação entre idolatria e imagens de escultura sempre foram muito próximas. Na verdade, a mais próxima o possível. O ser humano sempre necessitou de algo palpável e visível em seus cultos. Ora, se eu me curvar diante de uma imagem de escultura, fazer petição, oração, pedir sua intercessão, fazer procissão esta imagem, e depois dizer que é só  uma “lembrança”, um “retrato”, ou uma homenagem, é querer enganar a si mesmo.
Sei muito bem a diferença de ícone para ídolo. Fazer um desenho, ou pintura histórica sobre alguém da Igreja,  sem contudo realizar culto e nem fazer orações, é uma coisa, agora, fazer petições, promessas, orações, pedir sua proteção, chamá-lo de guia, escudo, é outra!  Sei, também que existe a tese da dulia ( culto de serviço e homenagem), a hiper dulia (culto de serviço e súper homenagem) e a latria ( que advogam ser somente à Deus), contudo, na prática, o que se observa é latria mesmo, principalmente a quem dizem que é hiper dulia.
            Que se diga, também que, o fato de não concordarmos com a intercessão de quem já morreu, não significa que não consideramos o exemplo de fé de muitos deles. Muitos que morreram até mesmo contra a idolatria imposta pelo Imperador Diocleciano, como o caso de Jorge. O que eu sei é que, se eles pudessem ver o que estão fazendo com o nome deles, eles repreenderiam, e diriam: “morremos contra a idolatria e vocês estão fazendo de mim ídolos?”. Não me venham que a igreja medieval é inerrante, e não pode cometer heresias e equívocos, pois, desde que virou a religião oficial do Império Romano, a História nos conta que ela perseguiu e matou quem não se “convertia”. A “santa “ inquisição muito perseguiu e matou também. Então, interpretar erroneamente um texto e acrescentar, por força de tradição de instituição, algo que não existia na igreja primitiva, seria perfeitamente possível, e foi o que aconteceu. Vale lembrar que, a oficialização do culto aos santos só veio acontecer em  789 d.C., ou seja, no oitavo século da igreja de romana. Não era uma doutrina da Igreja primitiva, não foi ensinada por Jesus e nem pelos apóstolos e, foi a partir do período sub apostóslico que começou essa discussão e durou séculos. Prefiro ficar com o modelo da Palavra de Deus e da Igreja do primeiro século!
            A Bíblia nos orienta que podemos ir diretamente a Deus, em nome de Jesus e na intercessão do Santo Espírito. Jo 14:13 ; Jo 16:23 ; Rm 8:26,27. A Bíblia apresenta a Jesus Cristo como o único Mediador entre Deus e os homens – I Tm 2:5 e também como o perfeito intercessor: “ Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por Eles” HB 7:25.
            Sim, Jesus Cristo é o nosso Salvador, o nosso Mediador e o nosso intercessor, diante do Pai! Deus não mandaria o seu único Filho para alongar mais o caminho. Cristo mesmo disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém ao Pai, senão for por mim”. Isso é suficiente!
            Quanto àqueles que já partiram, como disse antes, a Bíblia diz que eles estão descansando de suas obras, que os acompanham. Eles combateram o bom combate, completaram a sua carreira e guardaram a sua fé! Deus não permitiria que eles fossem incomodados com assuntos deste  mundo. O que eles estão aguardando, é a coroa da justiça, que Jesus dará naquele grande dia. Que o Santo Espírito faça cair escamas dos olhos, para que resplandeça a luz do verdadeiro evangelho de Cristo.

Deus nos abençoe!

Pr. Cláudio César Laurindo da Silva